Por nicolas.satriano

Rio - Um acidente registrado na terça-feira, próximo à estação ferroviária de Cosmos, quando um homem foi atropelado por um trem após trafegar pela linha férrea , expõe o perigo das passagens em nível clandestinas. Nos 270 quilômetros de malha ferroviária, existem apenas 38 passagens oficiais contra mais de 150 irregulares. É um problema crescente: no ano passado, a SuperVia registrou 13 atropelamentos, o mesmo número contabilizado nos últimos cinco meses.

Um projeto do estado, que pretende erguer muros, passarelas e viadutos ao longo da ferrovia, ainda não tem previsão de sair do papel, pois depende de verba federal. 

Na região onde ocorreu o acidente na terça, existem duas passagens em nível clandestinas. A vítima, que seria um homem, não foi identificada, pois estava sem documentação. Ele foi levado pelo Corpo de Bombeiros para o Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz.

Cena cotidiana na linha do trem%3A pessoas se arriscam%2C andando sobre os trilhos perto de Maria da GraçaCarlos Moraes / Agência O Dia

A SuperVia informou que fecha quatro passagens irregulares por mês. Mas na maioria dos casos elas são reabertas novamente.

Mesmo sem ser responsável direto pelo atropelamento, já que o Código de Trânsito estabelece que a preferência pelos trilhos sempre é do trem, o maquinista responde a uma sindicância interna. “Nestes casos o maquinista é sempre inocentado porque não tem como frear a composição”, explicou o presidente do Sindicato dos Ferroviários, Valmir Lemos.

Segundo a concessionária, quando uma pessoa é vista trafegando na linha, o maquinista é orientado a buzinar. Em áreas com intensa circulação irregular, como a região em que DIA esteve nesta quarta-feira, no entorno de Maria da Graça, o trem é obrigado a reduzir de 80 km/h para 30 km/h. Com a implantação do projeto estadual, a velocidade média saltará de 42 km/h para 60 km/h.

Verba de projeto não chegou

O projeto ‘Segurança da via’, criado pela Secretaria Estadual de Transportes, com verba do Programa e Aceleração do Crescimento (PAC) no valor de R$ 600 milhões, prevê a construção de muros, passarelas e viadutos ao longo da ferrovia. No ano passado, o Ministério das Cidades se comprometeu a repassar R$ 100 milhões para o estado em 2015.

No entanto, não há previsão deste dinheiro chegar aos cofres do Rio. “Diante do contingenciamento das contas do governo federal, não sabemos quando vamos receber”, explicou o secretário Carlos Roberto Osorio. O Ramal de Gramacho será o primeiro a receber investimento.

“É um dos locais mais críticos que temos. Depois virá Campos Elíseos e Jardim Primavera (na Baixada Fluminense)”, informou Osorio, que descarta o uso de verba estadual para execução das obras. “Não temos dotação orçamentária para isso”, completou


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