Por marcelle.silva

Diante de uma foto tão expressiva como esta, o historiador da memória farta-se de informações para o seu deleite sobre a vida de uma comunidade. O estudo do cotidiano está na história oral e nas informações da imprensa escrita ou na Câmara Municipal. São João de Meriti, nos anos de 1920, era o 4º Distrito de Nova Iguaçu. A Vila — situada às margens do Rio Pavuna — era cortada pelas estradas de ferro Rio D’ Ouro e o ramal auxiliar, que ligava São Mateus à Pavuna.

Contava o distrito com uma Estação da Linha Auxiliar e quatro importantes artérias: a Rua da Matriz, fazendo a ligação do Centro em direção ao bairro de Coelho da Rocha, até Belford Roxo; a Rua São João Batista, em direção ao Distrito de Caxias; a Estrada de Minas (hoje Getúlio de Moura), em direção à Itinga (depois Éden); e Nova Iguaçu e a Rua Tavares Guerra (hoje Nossa Senhora das Graças) em direção ao bairro da Pavuna no Rio de Janeiro. Todas essas artérias convergiam em direção a Praça da Matriz, onde estava o comercio mais importante do distrito.

Meriti, por sua vez, rivalizava com o bairro da Pavuna, onde o controle comercial com grandes armazéns e trapiches estava nas mãos da família Tavares Guerra. Antônio Tavares Guerra era proprietário da Fazenda do Carrapato, no Centro do distrito, e foi vereador na Câmara de Iguassú.

Rua da Matriz%2C tomado de lojas%2C foi e continua sendo importante ponto comercial em Meriti. Câmara já funcionou lá Divulgação

A Igreja da Matriz de São João Batista começou a ser construída em 1875 em terreno doado por Antônio Tavares Guerra, que, ao lado do comendador Pedro Antônio Telles Barreto de Menezes, era o mais importante provedor da construção.

Em 1886, José do Patrocínio foi à Vila Meriti para assistir a inauguração da reabertura do canal da Pavuna em um trabalho de desobstrução realizado pelos moradores. Compareceram ao evento os grandes fazendeiros da região, em trajes que bem diziam a importância daquela presença. Após os discursos de saudação, o capitão Salustiano convidou Patrocínio para fazer uma visita à Igreja, que estava no alicerce.
À noite, numa palestra que tivera, José do Patrocínio disse aos moradores que, em obediência a uma promessa feita, daria para a construção da igreja a vultosa soma de trinta contos de reis. Como também por interferência sua, a Princesa Izabel ofertou, além de diversos castiçais, a pia batismal.

Na foto, vemos a torre da Igreja e, ao fundo, o cemitério. A Rua da Matriz no seu início, tomado de lojas de ambos os lados, demonstra a importância que teve e continua tendo para a cidade. Nela, funcionou também, no fim da década de 1940 e durante a de 1950 a Câmara Municipal. Ao fundo, está o Morro do Carrapato.

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