Tenório Cavalcanti tinha 40 anos, em 1946, quando aconteceu a abertura política após o fim da Era Vargas, e alguma experiência acumulada na política. Filiou-se à União Democrática Nacional (UDN). Seu destino natural era fazer oposição a Getúlio Vargas, já que seus algozes estavam no Partido Social Democrático (PSD), principalmente Amaral Peixoto. Amaral nomeou o Coronel Agenor Barcelos Feio como Secretário de Segurança, com objetivo de frear os ímpetos políticos de Tenório. Na Baixada, o PSD estava nas mãos do grupo comandado por Getúlio de Moura. O território político baixadense foi se definindo entre Tenório, em Caxias, versus Getúlio de Moura, em Nova Iguaçu.
Tenório conquistou três mandatos seguidos de deputado federal pelo Estado do Rio de Janeiro (1950, 1954 e 1958), e nos dois últimos pleitos conseguiu a maior votação do estado. Construiu uma imagem política também no jornal Luta Democrática, de sua propriedade,e os seus discursos na Câmara dos Deputados expressaram uma linguagem, símbolos e valores que se identificavam com sua personalidade. Após uma briga política com Carlos Lacerda, da UDN,ele rompeu e se afastou do partido.
Candidatou-se depois ao governo do recém-criado estado da Guanabara pelo PST, mas Tenório não foi eleito, ficou em terceiro lugar. O vencedor foi Carlos Lacerda. Mais tarde, em outubro de 1962, Tenório disputou a eleição novamente pelo PST, desta vez ao governo do estado do Rio de Janeiro e perdeu para Badger da Silveira, do PTB, com pouca diferença.
Devido às constantes ameaças de morte, Tenório e sua família moravam em uma casa-fortaleza, em Duque de Caxias. Andava sempre armado e acompanhado de capangas.A ele foram atribuídos pelo menos 25 crimes violentos. Um dos mais célebres foi o assassinato do delegado Albino Imparato. Nos anos 50, o policial iniciou uma caçada implacável ao 'Homem da capa preta'. Imparato apareceu morto a tiros de metralhadora, em seu carro, no Centro de Caxias, em frente à Associação Comercial. Apesar de as investigações terem comprovado a participação de Tenório, ele jamais foi indiciado pelo crime.
Em 1958, grandes enchentes assolaram Duque de Caxias e Tenório assumiu o projeto de construção da Vila São José com a finalidade de atender a população flagelada. Em 1961, ele apoiou a posse de João Goulart e aproximou-se de Leonel Brizola. Tenório foi cassado em 1964, e se orgulhava de não ter fugido do país. Quinze anos depois, em 1979, apoiou o último presidente da era militar, João Baptista Figueiredo. Três anos depois, em 1982, apoiou Moreira Franco, desvinculando-se do brizolismo.