Rio - Há uma década o Estádio municipal Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, recebe, além de torcedores, pessoas que utilizam suas instalações com outra finalidade: durante os dias de semana, foguetes e bandeiras ficam em casa, e a barulheira da torcida dá lugar ao silêncio exigido para o funcionamento de uma clínica de saúde. Atualmente, cinco mil moradores aproveitam diariamente os serviços oferecidos gratuitamente no ‘Estádio da Cidadania’, como ficou popularmente conhecido após as reformas de abril de 2004.
A aposentada Jonia Morais de Castro, de 66 anos, faz anualmente o check-up com o cardiologista e utiliza o laboratório de diagnóstico por imagem. “É bom porque economizamos com médico. Certamente seriam consultas e exames caros. Aqui eu faço raio-x, uso os aparelhos de oftalmologia, tudo de graça. E também economizo com o transporte, já que há muitas linhas de ônibus que passam perto do estádio. Gasto menos do que se fosse para um hospital ou clínica particular mais longe de casa”, afirma.
Marido de Jonia, Almir de Castro, 66, é um dos 170 frequentadores da Academia da Terceira Idade. “Gosto do alongamento que os professores fazem. Acabei conhecendo muitos amigos aqui”, comemora o aposentado, que há três anos entrou para o “clube da maromba”.
Além de 28 especialidades médicas, o espaço oferece atividades pedagógicas voltadas a idosos — como aulas de Português e de Atualidades — e cursos no Polo de Educação Superior à Distância Professor Darcy Ribeiro, em parceria com a Uerj — para cerca de três mil alunos.
‘Azzurra’ enfrenta Flu em junho
Inaugurado em 1951, o Estádio Raulino de Oliveira foi usado nos últimos anos pelos clubes do Rio, por conta das interdições do Maracanã e do Engenhão. O estádio do Sul Fluminense foi palco da final do Campeonato Carioca de 2013 e de jogos do Brasileirão. Mas é a expectativa de receber a seleção da Itália, durante a preparação para a Copa, que mexe com a imaginação de moradores e prefeito, Antônio Francisco Neto. “O Stefano Balducci (que cuida da parte de logística da ‘Azzurra’) já veio a Volta Redonda e confirmou o interesse da Itália em fazer um amistoso contra o Fluminense aqui, em 8 de junho”, disse o prefeito.
“Há quem diga que o Estádio da Cidadania recebe até partidas de futebol”, brinca o ex-jogador do Fluminense Deley de Oliveira, secretário de Esportes na época da reforma. Segundo Deley.
Hoje o governo federal investe R$ 1,4 milhão para que o local receba atletas que vão fazer aclimitação no Rio para a Copa e as Olimpíadas. “Estamos melhorando o acabamento e ampliando a acessibilidade”, diz Carlos Roberto Parente, administrador do estádio.
Atualmente, 250 pessoas trabalham no Raulino de Oliveira, entre médicos, fisioterapeutas e professores. Os gastos mensais da prefeitura giram em torno de R$ 1 milhão para manter a estrutura.
Reportagem de Paulo Cappelli
