Rio - ‘O catador hoje tem dignidade, antes era confundido com urubu. Hoje nós temos voz na Alerj e no Congresso em Brasília”, diz, orgulhoso de sua profissão, Rogério Faria de Oliveira, de 47 anos, pai de cinco filhos e que faz parte da Cooperativa de Catadores de Bongada, em Magé. Com renda média de um salário mínimo, ele é um dos beneficiados pela rede de comercialização de recicláveis, que promete potencializar o recolhimento de resíduos junto a grandes geradores e as coletas porta a porta em residências e estabelecimentos comerciais da Região Metropolitana do Rio e aumentar a renda dos catadores.
Cooperativas de seis municípios já aderiram ao projeto: Rio de Janeiro (Centro), Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Magé e Duque de Caxias. “Com a rede, vamos crescer ainda mais e ter um preço mais justo, saindo das mãos do atravessador. Tenho uma vida melhor e espero melhorar ainda mais”, disse Rogério, que praticamente criou os filhos trabalhando no lixão que existia naquele município.
O trabalho é realizado no Projeto CataSonhos II, da ONG Guardiões do Mar. A iniciativa atende bairros onde estão instaladas as cooperativas participantes e onde a coleta seletiva não é realizada pelo poder público municipal. São sete grupos produtivos de reciclagem contemplados pelo projeto. A proposta é mobilizar as escolas dos bairros onde estão localizados os galpões, para se transformarem em Pontos de Entrega Voluntária (PEVS).
Desde fevereiro, os Guardiões do Mar e as cooperativas iniciaram as ações da rede. Na primeira etapa do projeto Catasonhos, em 2011, mais de mil toneladas de materiais foram retiradas do ambiente e geraram renda para 160 catadores. Um balanço ecológico servirá como base para essa segunda etapa do projeto.
Os Guardiões do Mar também farão a doação de uma frota de caminhonetes para as cooperativas, o que permitirá maior agilidade no processo de coleta e comercialização, garantindo a geração de mais postos de trabalho. “Em breve, estaremos contabilizando os benefícios ambientais e estéticos da coleta seletiva, além de gerar novos postos de trabalho, através do aumento da escala e dos valores de venda”, avalia Pedro Belga, presidente dos Guardiões do Mar. O projeto CataSonhos II tem o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.