Por thiago.antunes

Rio - Uma decisão no mínimo questionável provocou um protesto para lá de inusitado na manhã desta quinta-feira em Armação dos Búzios, na Região dos Lagos. Indignados com o decreto legislativo que impede o vice-prefeito Carlos Alberto Muniz (PT) de assumir o posto do prefeito André Granado (PSC) durante suas viagens ao exterior, moradores da cidade ‘invadiram’ a sessão da Câmara de Vereadores usando fantasias de Carnaval em forma de bumbum. Apelidada de ‘bundaço’, a manifestação bem-humorada foi convocada pelo Facebook e reuniu cerca de 100 pessoas.

“Você está tendo a sensação de que colocaram a sua bunda na janela pra passarem a mão nela? Pois, então, seus problemas acabaram! Vamos dar uma resposta à altura para todos aqueles políticos que acham que temos cara de bundão”, dizia o convite, ao sugerir que o prefeito “governa Búzios por rede social”, “rasga a Constituição” e que a cidade está sendo “motivo de piada” na região, no Rio, no Brasil e no exterior.

Cerca de 100 pessoas participaram do ato desta quinta. Kits de fantasia%2C vendidos por R%24 5%2C esgotaramDivulgação

“Não houve confusão, nem barraram os manifestantes. Aqui nossas manifestações são bem humoradas”, comentou o jornalista Hamber Carvalho, 62 anos, um dos organizadores. Para garantir a adesão, foram vendidas fantasias — o Kit Bundão Galego — a R$ 5. Todas esgotaram.

A Justiça ainda não apreciou o pedido de liminar solicitado quarta-feira pelo Ministério Público do Estado na ação civil pública para suspender os efeitos do decreto da Câmara, considerado ilegal pela promotora Marcela do Amaral, por contrariar a Lei Orgânica do Município.

Em meio a batalha judicial, município está ‘acéfalo’

Para os manifestantes contrários ao decreto, o poder executivo de Búzios está ‘acéfalo’ desde o dia 17, quando o prefeito André Granado viajou para a França, segundo o MP, “a pretexto de divulgar a cidade” em Cannes e Saint Tropez. Ele deve retornar amanhã a Búzios.

A ‘novela’ começou já no dia 16, quando começou a guerra de liminares entre a justiça local e o Tribunal de Justiça do Estado, envolvendo o vice-prefeito Carlos Alberto Muniz e a procuradoria do município, que representa Granado. O vice ganhou duas vezes e chegou a assumir o posto no dia 20, mas apenas por 24 horas.

Na ação do MP, a prefeitura deveria dar posse a Muniz, sob pena de multa de R$ 1 milhão e até prisão em flagrante por crime de desobediência. “A decisão da Câmara é inconstitucional, casuística e será derrubada provavelmente amanhã (hoje) em definitivo, com repercussões contra a própria Câmara e a prefeitura”, disse Hamber Carvalho.

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