Por thiago.antunes

Rio - As fazendas da região turística do Vale do Café, no Sul Fluminense, vão voltar a produzir... café. O cultivo do grão, que praticamente desapareceu nas últimas décadas, será retomado com um novo conceito, voltado exclusivamente para atender aos turistas que visitam a região, em busca de história e cultura, como O DIA antecipou. O Sebrae/RJ promove nesta quarta-feira uma reunião na Fazenda São João da Prosperidade, em Barra do Piraí, para apresentar um estudo de viabilidade técnica e econômica para quem quer começar a plantar cafés especiais.

A região, que possui 15 municípios, já chegou a produzir 75% do café consumido no mundo no século 19. Historicamente conhecida por ter várias plantações de café, hoje registra poucas fazendas que ainda cultivam o produto, como a Taquara, em Barra do Piraí, que produz para vender diretamente aos visitantes. Cerca de 30 dessas fazendas estão abertas à visitação, mas não exploram o cultivo.

A Fazenda Taquara%2C em Barra do Piraí%2C é uma das poucas propriedades que ainda produz café na região. Produção é vendida para os visitantesDivulgação

O projeto de revitalização da cultura cafeeira no Vale do Café prevê dois eixos de atuação: para quem já planta e quer produzir um café especial ou aqueles que querem começar o cultivo. De acordo com o Sebrae, a região, caracterizada por pequenas áreas de produção, poderá voltar a gerar bons negócios a partir de um novo perfil de produção.

“O resultado será a produção de uma bebida com personalidade e favorecida por sermos um estado que é o segundo maior mercado consumidor do país, de poder aquisitivo alto e, ainda, grande consumidor de produtos diferenciados e de qualidade”, explicou a analista do Sebrae em Volta Redonda, Leda Barreto. A iniciativa faz parte do projeto Introdução de Cafés Especiais no Estado do Rio”, que está sendo desenvolvido em mais duas regiões do estado: Noroeste e Serrana.

Atualmente, o estado produz 400 mil sacas e consome 1,3 milhões ao ano, segundo o Centro do Comércio de Café do Rio de Janeiro. As três regiões foram escolhidas pela tradição e o potencial para produção de cafés diferenciados, apoiados em critérios de sustentabilidade, uso intensivo da tecnologia e cultivo de variedades nobres como grande diferencial de competitividade dos empresários, conforme características regionais.

‘Do cafezal ao cafezinho’

Fundada em 1820, a Fazenda São João da Prosperidade recebe visitantes há 17 anos para uma verdadeira aula de história. “O turista não consegue entender por que uma fazenda de café não tem café”, afirma a bem-humorada proprietária Magid Breves Muniz, 70 anos, que há sete se veste de sinhá para receber o público.

Recentemente, ela participou de visita técnica organizada pelo Sebrae-RJ para conhecer os cafezais de Itu (SP) e trouxe de lá a inspiração para o projeto que quer desenvolver em sua fazenda: do cafezal ao cafezinho. “A ideia é fazer uma pequena plantação, em área de fácil acesso, próximo da casa grande, para atender ao turista da terceira idade, nosso principal público”, conta ela.

Além do turismo, a propriedade sobrevive do gado de corte, produção de eucaliptos e de linguiça. Um pequeno alambique e uma lojinha de artesanato completam as atividades. Ao todo, a fazenda gera 17 empregos diretos.

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