Rio - Ele é dono de um autêntico fusquinha 1968, apelidado de “Diermelho”. Ela, de um legítimo modelo de 1970. Apaixão por carros antigos uniu o aeroportuário Giovanni Moreira, de 29 anos, e a comerciante Juliana Cristina da Costa, 26. Eles se conheceram em um desses encontros que rodam o Estado do Rio, reunindo aficcionados por essas relíquias. “Nessas andanças por aí, encontrei o senhor Édson, o pai dela. Fiz uma amizade forte com ele e conheci sua filha. Viramos amigos, namoramos e, então, casamos nós e nossos fuscas, em 2011”, conta Giovanni.
Modelos de Fusca, Kombi, Brasília, Karmann Ghia, TL, Variant, MP Lafer, Opala, Maverick, Landau e Corcel, entre outras preciosidades dos anos 60, 70 e 80, viajam pelas estradas do interior, especialmente nos finais de semana. São os apaixonados por carros antigos, que levam suas relíquias guardadas a sete chaves nas garagens para participar de encontros por diversas cidades do estado.
Muitos deles podem ser vistos (e clicados) hoje, das 10h às 14h, no Shopping Park Lagos, em Cabo Frio, no quarto Encontro Anual de Veículos Antigos do Fuscamania da cidade. Dia 28, acontecem o 24º aniversário do Auto Relíquias de São Gonçalo e a 32ª Exposição de Automóveis Antigos de Teresópolis.
Os eventos reúnem raridades que brilhavam — e muitos que ainda brilham — nas estradas. “Os encontros são uma parte da minha vida. Além de nos divertir, ainda fazemos fortes amizades durante os eventos. O nosso grande objetivo é a exposição de carros antigos, para que as pessoas, não só as ‘mais vividas’, mas também os jovens que comparecerem, possam voltar à época, literalmente viajar no tempo”, conta o comerciante Edson Luiz Alves Martins, 53, vice-presidente da Associação de Fuscas e Veículos Antigos de Cabo Frio (Afuva).
Sede de vários clubes de colecionadores, a Região dos Lagos, é destino cada vez mais procurado por esses aficcionados. Ali estão grupos como AVA – Amantes de Veículos Antigos de Arraial do Cabo, ASA de Saquarema, Clube de Veículos Antigos de Praia Seca e KM Rodados de Rio das Ostras.
Em comboios de nove a 10 carros, Édson conta que os fuscamaníacos têm como destino preferido no estado a cidade de Paraíba do Sul. Mas o grupo também visita outros estados. Com seu fiel escudeiro, o seu fusca 73, Edson percorreu cerca de 4,5 mil quilômetros numa jornada de ida e volta para Natal, no Rio Grande do Norte. “Foi uma grande aventura”, relembra. A próxima é ir ao chile em 2016, seu maior desafio. Somente a ida ao país vizinho chega a mil quilômetros. Sustentar o hobbie não é para qualquer um. Para restaurar um modelo de fusca antigo, o colecionador gasta de R$ 10 mil a R$ 12 mil.
Atividade movimenta a economia
O interesse por carros antigos também movimenta a economia das cidades. Além dos comerciantes de peças e acessórios importados que lucram com o ‘mercado de pulgas’ realizado em paralelo aos eventos, hotéis, pousadas e restaurantes faturam com a chegada dos colecionadores.
Em São Gonçalo, a exposição deve reunir a maioria dos carros antigos existentes na cidade e atrai apreciadores e colecionadores de veículos de décadas passadas, de todas as idades. O evento já faz parte do calendário turístico e cultural da cidade e acontece sempre em setembro, como parte dos festejos pelo aniversário do município.
“Além do grande público, temos cerca de 300 expositores. Todas essas pessoas, que por vezes vêm de outras cidades, acabam aproveitando para conhecer também outros lugares, almoçar com suas famílias, ir ao shopping. Tudo isso contribui também para a economia local”, disse o secretário de Turismo e Cultura, Michel Portugal. A expectativa é de que duas mil pessoas participem do evento, no domingo.