Por thiago.antunes

Rio - Moradora do bairro do Caborê, em Paraty, na Costa Verde, a analista de comunicação Karla Andrea Silva, de 37 anos, acordou na última segunda-feira para trabalhar, mas quando abriu o chuveiro, não havia uma gota de água. “Fiquei preocupada. O dia inteiro sem água é muito difícil”, disse. A ausência de chuvas e a escassez de água nos reservatórios e sistemas de abastecimento prejudicam cada vez mais a vida dos moradores de Paraty e de Angra dos Reis.

Em Angra, cerca de 60% dos 1 70 mil habitantes enfrentam a falta d’água. Quem vive na parte central e no bairro Japuíba são os mais afetados. “O problema é que nos locais mais altos a água não chega por causa da pressão baixa. Estamos fazendo manobras. De 12 em 12 horas desligamos um lado e ligamos em outro. Todos vão ficar um pouquinho sem água”, explicou o presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), Elzadio Ferraz Filho, ao pedir que a população economize.

Em Paraty%2C concessionária realiza obras emergenciais para aumentar a captação de água no Rio JapuíbaDivulgação

Em Paraty, pelo menos 5.750 habitantes passam pelo problema. A situação é pior nos bairros de Jabaquara, Pontal, Portal das Artes e Caborê. “Esses bairros são abastecidos pela captação da Barragem de Caboclo. Estamos fazendo uma obra para montar uma transposição da captação da Pedra Branca, que está com o reservatório cheio. Essa é uma manobra temporária até que as chuvas voltem”, informou a concessionária Águas de Paraty, por meio de sua assessoria.

Na vizinha Mangaratiba, a seca não chegou a atingir a população. “As nascentes do município estão preservadas. A estiagem causou problemas nas áreas rural e agrícola, mas não afetou as casas das pessoas diretamente”, disse a secretária de Meio Ambiente, Natacha Kede. Em setembro, a Cedae, responsável pelo abastecimento local, iniciou obras de ampliação do sistema. Foram investidos R$ 10 milhões para duplicar a oferta de água na cidade. A obra vai beneficiar diretamente mais de 35 mil habitantes e dever ser concluída no fim do ano que vem.

Cedae: “Não haverá racionamento”

O presidente da Cedae, Wagner Victer, garante que as cidades do interior atendidas pela empresa com águas captadas do rio Paraíba do Sul — como Pinheiral, Barra do Piraí e Vassouras — estão isentas de problemas com abastecimento, em função da estiagem. “A redução do volume de água neste período causa problemas pontuais, mas, com certeza, não faltará água. O maior problema é em São João da Barra, onde a maré sobe, invade o rio e transforma a água em salobra. Então, é preciso interromper o abastecimento”, destacou.

Em nova medição realizada quarta-feira pela Defesa Civil, o nível do rio chegou a 4,57 metros em Campos dos Goytacazes, o menor desde 1922. O secretário municipal de Defesa Civil, Henrique Oliveira, disse que, apesar da seca histórica, o racionamento está descartado. A Águas do Paraíba informou que o abastecimento aos 350 mil habitantes está normalizado. A concessionária garante que já estava preparada para esta situação e possui um grande reservatório, com plenas condições de captar água.

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