Por thiago.antunes

Rio - Depois de São Fidélis, que solicitou ao governo federal a decretação de estado de emergência por causa da seca que castiga a economia local, pelo menos mais duas cidades das regiões Norte e Noroeste Fluminense anunciaram que pretendem tomar a medida: São Francisco do Itabapoana e Italva.

Em São Francisco, 30% da produção agrícola, como frutas e legumes, foram perdidas, além de mil das 60 mil cabeças de gado. “Dois mil produtores foram afetados. A produção de leite, por exemplo, que era de 60 mil litros por dia, caiu para 35 mil, uma queda de cerca de 40%”, disse o secretário de Agricultura, Edmar da Silva Henriques.

“Estamos fazendo um estudo para levantar e avaliar o dano para decretar emergência nos próximos dias. Se chover mais forte, tudo se normaliza. Mas o problema é que os prejuízos continuam. Até porque, do momento que começa a preparação do solo, plantio e pastagens até a colheita final geralmente leva um ano”.

São Francisco do Itabapoana%3A cerca de mil cabeças de gado foram mortas por causa da longa estiagemDivulgação

Em Italva a situação é semelhante. Por enquanto, a prefeitura está contabilizando os prejuízos dos 375 produtores de gado, leite, folhosas e legumes. A estimativa da Defesa Civil do município é de que algumas pessoas perderam de 70% a 80% de sua produção. Cerca de 180 produtores já fizeram reclamações formais sobre seus prejuízos.

“Se não chover de 30 a 35 milímetros nos próximos 15 dias, vamos decretar situação de emergência”, disse o secretário de Defesa Civil de Italva, Carlos Carola, lembrando que choveu apenas três milímetros na cidade segunda-feira. Segundo ele, o nível do Rio Muriaé, afluente do Paraíba do Sul, que abastece a cidade, já baixou de 3,75 metros para 1,75 metro. “Estamos fazendo um estudo para ver os danos”.

Levantamento da Secretaria de Agricultura de São Fidélis apontou que mais de mil cabeças de gado morreram por falta de pastagem, destruída pela falta de chuvas. Dois mil produtores rurais já foram prejudicados, ou seja, 80%. A perda na olericultura é de 30%, a mesma porcentagem de mortes de gado leiteiro e de corte.

Chuva não animou produtores, que esperam mais

A chuva de três a seis milímetros que caiu sobre a região na última segunda-feira trouxe experança, mas não foi suficiente para afastar o problema. “Água é sempre bem-vinda, mas esperamos mais. Agora é com Deus”, ressaltou o secretário de São Fidélis, Gilberto França.

Produtor de leite em São Francisco, Roni Lemos, de 45 anos, nunca viu uma seca nessas proporções. “Essa é situação mais complicada que passei. Produzia 600 litros de leite por dia e agora caiu para 400 litros. Sem falar nas cabeças de gado: perdi oito das 150 que eu tinha”, diz ele. Seu gasto também aumentou porque está tendo que pegar cana em Campos para alimentar o gado. “Pago pelo frete e pela cana R$ 1.500 por semana. Antes uma vaca comia três quilos de fubá e soja por dia e agora são cinco quilos”, lamentou.

O pedido de situação de emergência de São Fidélis foi instaurado no início do mês e está em análise no Ministério da Integração Nacional. Se for concedido o decreto, o município passa a ter autonomia para comprar e contratar serviços necessários para sanar o problema, sem a necessidade de trâmites burocráticos, como licitações ou aprovação da Câmara de Vereadores. Além disso, a cidade pode remanejar recursos de outras pastas para atender as ações de Defesa Civil.

Procurada, a Secretaria Estadual de Agricultura informou que deverá intermediar acordo junto aos bancos para obter empréstimos para os produtores rurais que sofrem com a longa estiagem. Por enquanto, a secretaria mandou técnicos da Emater-Rio aos municípios para fazer um levantamento da situação e das perdas, além de ajudar os produtores com apoio e orientação. O órgão informou que, “se for o caso”, vai disponibilizar máquinas para cavar poços e implementar programas, como o Rio Rural.

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