Por nicolas.satriano
Rio  - Eles perderam suas casas na tragédia das chuvas em janeiro de 2011 na Região Serrana. Agora, enfrentam o drama da falta d’água por conta da longa estiagem que afeta dos mananciais da cidade.
Com as torneiras secas, moradores do Conjunto Habitacional Terra Nova, em Nova Friburgo, fizeram uma manifestaçãopara chamar a atenção da concessionária Águas de Nova Friburgo. Aos gritos de “queremos solução”, dezenas de pessoas fecharam na segunda-feira a RJ-148, estrada Nova Friburgo-Carmo, principal via de acesso ao conjunto, que abriga 2,2 mil vítimas das chuvas. Outras cidades também sofrem com a falta d’água, como Angra dos Reis, na Baía da Ilha Grande, e Barra Mansa, no Médio Paraíba.
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A Águas de Nova Friburgo informou que os mananciais de Bela Vista — que abastecem o Terra Nova—, Caledônia, Curuzú, Tapera, Santa Margarida, Jason e Santana se encontram com nível de água abaixo do habitual, dificultando o atendimento em alguns bairros. “Por este motivo, a concessionária aos moradores dos locais afetados que economizem água durante este período, que pode se prolongar até o fim de janeiro de 2015”, diz, em nota. Mais 12 bairros ainda seguem com problemas de abastecimento.
Com margens quase secas, o leito do rio está com pedras à mostra na barragem de Banqueta, em Angra, onde todos os reservatórios secaramDivulgação

Segundo Rita Ramalho, moradora do Bloco 1 do Terra Nova, a falta d’água durou pelo menos seis dias, situação normalizada na quinta-feira. Para a aposentada Maria das Neves, de 67 anos, que mora no Centro, a manifestação foi útil a todos. “Agora já está normal aqui. Depois que o pessoal de lá protestou, parece que resolveu alguma coisa”.

Em Angra dos Reis, a estiagem secou os reservatórios e houve aumento de consumo por causa do verão. “A situação é crítica, perto de um colapso, como na maioria dos reservatórios. Três dias de chuvas não resolverão o problema”, diz o presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae/Angra), Elzadio Ferraz. Nem a chuva forte e rápida que caiu na noite de quarta-feira, quando o índice pluviométrico chegou a 66 milímetros na cidade, ajudou a regularizar o nível de oferta de água nas barragens da Banqueta, operadas pela Cedae.

A população é atendida por meio de manobras realizadas pela empresa. Alguns bairros ficam sem água por algumas horas todos os dias. A medida é necessária para que os pontos altos dos morros e bairros distantes recebam água bombeada de estações elevatórias.
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Barra Mansa também enfrenta problemas em diversos bairros, principalmente nas partes mais altas, devido à falta de pressão nas tubulações. A situação mais grave é em Vista Alegre, onde os moradores são atendidos por carros-pipa fornecidos pelo  Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae). A captação é feita em córregos afluentes do Rio Paraíba do Sul.
Nesta quarta-feira, o diretor-executivo da Saae/BM, Horácio Delgado, alertou a população sobre os riscos de desabastecimento. Ele pediu aos moradores que economizem água e procurem limpar as caixas. Para incentivar a redução do consumo, o valor da tarifa será desonerado em 20% a partir de fevereiro para quem consome nas faixas um e dois, que vão até 15 metros cúbicos de água mensal. “Vamos cobrar menos de quem consome menos água. Com isso, o valor da cesta básica mínima de serviços, incluindo água e esgoto, vai cair de R$ 29,90 para R$ 23,84, se tornando uma das mais baixas da região. Essa medida vai impactar mais de 55% da população”, declarou Delgado. 
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Acordo com a Cedae prevê soluções para Angra
A prefeita de Angra dos Reis, Conceição Rabha (PT), e o novo presidente da Cedae, Jorge Briard, selaram nesta quinta-feira um acordo de cooperação imediata e emergencial para enfrentar os desafios da escassez de água na cidade.
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A parceria inclui, além de troca de conhecimentos sobre as redes de distribuição, ações imediatas de recuperação nas barragens da Banqueta e do Cabo Severino, os dois principais reservatórios administrados pela Cedae. A primeira ação será a limpeza imediata das duas maiores barragens da Cedae no município, na Banqueta, para melhorar a condução da água que abastece Centro e Japuíba. “Ainda teremos pouca oferta de água, mas esperamos diminuir esse problema”, disse a prefeita.
Segundo o presidente da Saae/Angra, a rede de distribuição não é revisada há vários anos e sofre com ações clandestinas de desvio da oferta. “A pouca água que temos de oferta só dificulta essas manobras. A falta de água não é responsabilidade do Saae ou da Cedae. A população tem um papel fundamental, que é economizar, reduzir o desperdício e denunciar os maus consumidores. É um momento de crise em que até mesmo uma gota de água vai fazer falta no sistema”, garantiu Elzadio Ferraz.
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