Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - Enquanto as captações de água que abastecem diversas cidades do estado minguam a cada dia, a Lagoa de Juturnaíba, que garante água para boa parte da Região dos Lagos, vai muito bem, obrigado. A represa, localizada em Silva Jardim, é explorada por duas concessionárias que abastecem a região — Prolagos e Águas de Juturnaíba —, e já é tratada quase como um tesouro em tempos de escassez hídrica. Em encontro com O DIA, o superintendente da Prolagos, Carlos Roma Júnior, falou do temor de que o estado lance mão desse recurso para captar água para abastecer outras cidades, em uma situação emergencial.

“A Lagoa de Juturnaíba poderia ser uma opção para municípios como Itaboraí e São Gonçalo, em casos emergenciais”, diz ele. Situada no Rio São João, a lagoa é considerada um santuário ecológico, em razão de sua proximidade com a Reserva Biológica Poço das Antas. Possui grande diversidade de peixes e concentra pequenas ilhas que formam um viveiro natural de espécies nativas de animais.

Represa em Silva Jardim poderia atender cidades vizinhas em emergênciaReprodução

Apesar da abundância de água na principal fonte de captação, como diz Roma, cidades da região continuam enfrentando o que ele considera “problemas pontuais” de abastecimento no verão, causados, segundo ele, pela alta demanda na temporada.

“No período mais crítico, principalmente na época do Ano Novo, não temos sistema para atender. A população passa de 400 mil para dois milhões”, reconhece. A Prolagos atende cinco municípios: Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia, enquanto a Águas de Juturnaíba é responsável pelo abastecimento em Saquarema, Araruama e Silva Jardim.
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Segundo Roma, para resolver de vez o crônico e histórico problema da falta de água na Região dos Lagos é necessário que a população estoque água ao longo do ano. “É preciso trabalhar com a reservação. Boa parte das pessoas da região possui cisterna e pode fazer isso, mas o ideal é que seja feito até outubro ou novembro, no máximo”, diz.
Segundo Roma, hoje o principal problema enfrentado pela empresa é o alto índice de perda, que chega a 32%, causado principalmente pelas ligações clandestinas e pelos vazamentos nas tubulações. “Os vazamentos a gente consegue reduzir com tecnologia, mas os ‘gatos’ a gente depende da polícia. É muito difícil controlar”.
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Investimento amplia rede de água e esgoto
Ao longo de 16 anos de concessão (serão mais 27, até 2041), a Prolagos garante já ter investido R$ 400 millhões na região, ampliando de zero para 73% a cobertura de esgoto tratado e de 30% para 93% a rede de distribuição de água.
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A cobertura de esgoto só foi possível graças ao sistema chamado de “tempo seco” —o mesmo, segundo Roma, utilizado em Paris e Barcelona —em que o esgoto é coletado, tratado e diluído na rede de águas pluviais e, depois, lançado ao mar —antes, 100% do esgoto in natura eram despejados na Lagoa de Araruama. O sistema, no entanto, tem um inconveniente: quando chove muito, em algumas regiões ao menos 20% deste esgoto diluído podem extravasar e causar mau cheiro. “Mas este sistema foi o escolhido pelo estado e pelos municípios da região no contrato de concessão”, ressalta.
Somente em 2014, foram investidos R$ 83 milhões. A empresa teve que aprovar um plano de contingência, por recomendação do Ministério Público, para atender aos municípios durante o verão. Segundo a empresa, foram implantados 330 quilômetros de rede de distribuição de água, beneficiando 45 mil pessoas.
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