Por daniela.lima

Rio - Os turistas que forem passar o feriado da Semana Santa em Campos dos Goytacazes e nas demais cidades do Norte Fluminense terão dificuldades para encontrar peixes para o tradicional almoço da Sexta-feira da Paixão. 

Com a longa estiagem%2C Rio Paraíba do Sul chegou ao seu pior nível%2C fazendo secar lagoas as suas margensDaniel Castelo Branco / Agência O Dia


De acordo com Jorge Carvalho Cruz, presidente da Associação de Pescadores do Rio Paraíba do Sul, quem costuma viajar para aquela região nessa época do ano vai estranhar a falta de peixes nativos, como a traíra, curimatam e o piau. “Nossas lagoas nas margens do rio secaram. A situação é muito grave. O Rio Paraíba do Sul está sem peixe”, desabafa Jorge.

Ele conta que a Lagoa do Campelo, na margem direita do Paraíba, está completamente seca. “Chegou ao nível zero, não tem peixe nenhum. E para piorar, esse ano e ano passado não tivemos o fenômeno da piracema, que é quando os peixes sobem as nascentes dos rios para desovar”.

Chefe da secretaria regional de Campos da Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (Fiperj), Luiz Bernabé Castilho diz que o órgão tem acompanhado de perto a situação das cerca de 600 famílias de pescadores desde o ano passado, quando a seca começou a se agravar. “O problema dessa região é bastante crítico”.

Bernabé conta que cerca de 25 lagoas que ficam às margens do Rio Paraíba do Sul estão secando. “As lagoas são os berçários dos peixes. Aquelas que não secaram, sofreram muito com a estiagem, comprometendo a produção de pescado”. Ele alerta para outro problema: o da migração dos pescadores para outras lagoas próximas. “Essa migração sobrecarrega as demais lagoas, que também já estão com seus estoques baixos”.

Um relatório da Fiperj com dados da situação dos pescadores daquela região deverá ser entregue até o final da semana que vem. A estimativa é de as perdas fiquem em torno de R$ 20 mil por pescador. Na região, há cerca de 1,5 mil que vivem da pesca. 

O drama de quem vive da pesca

A situação dos pescadores da região Norte do estado é bastante grave. De acordo com o presidente da Associação de Pescadores do Rio Paraíba do Sul, Jorge Carvalho Cruz, as cerca de 600 famílias de pescadores vão começar a sentir na carne a partir de hoje, quando completa um mês do recebimento da última parcela paga pela época do defeso, que é a época de reprodução das espécies. “Paramos de pescar em novembro do ano passado, quando começou o defeso, e voltamos agora no início de março, mas não há mais peixe por aqui”.

Jorge diz que a associação está lutando pela prorrogação do defeso e que tem se reunido com o Comitê da Bacia de Campos na tentativa de conseguir uma nota técnica sobre a situação da pesca na região para conseguir cehgar às autoridades federais. “A Prefeitura de Campos não pediu nada ainda. Ela precisa declarar que estamos em estado de emergência”, diz ele.

As reuniões entre a associação e as autoridades que estão acompanhando a situação acontecem diariamente, mas até agora nada foi decidido. “Temos uma reunião marcada com o pessoal do Ibama nesta segunda-feira, pois precisamos de um documento para encaminhar ao governo federal, na tentativa de encontrarmos uma solução ”.

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