Por rosayne.macedo

Rio - O Estado do Rio de Janeiro perdeu 47.041 vagas de trabalho no primeiro trimestre de 2015. Todos os municípios que concentram polos industriais importantes tiveram vagas cortadas, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego nesta quinta-feira (23).

Por causa da crise no Comperj, Itaboraí perdeu 7.917 empregos. Campos dos Goytacazes, por conta da crise dos royalties que afetou serviços importantes na prefeitura, teve perda de 1.674 vagas. Itaguaí, onde fica o Porto de Sepetiba, perdeu 1.478 postos de trabalho.

Já em Volta Redonda, o pólo siderúrgico perdeu 1.259 vagas, e em Duque de Caxias, com sua refinaria, 1.145 vagas. Macaé, a capital do petróleo, viu desaparecer outras 1.072 vagas. Angra dos Reis e seus estaleiros perderam 760 vagas e em São João da Barra, sede do Porto do Açu, foram menos 509 vagas.

"A crise é geral e pode se aprofundar mediante a perda do poder de compra dos salários, fruto da nova alta do dólar frente ao real, aumento da cesta básica, transportes públicos, luz elétrica etc", afirma o economista Ranulfo Vidigal, que analisou os dados, a pedido do DIA.

Desempenho da capital

Na cidade do Rio de Janeiro, que concentra 45% do PIB estadual - estimado pela Fundação Ceperj em R$ 579,4 bilhões para 2014 -  a geração líquida de vagas formais foi negativa no primeiro trimestre (com menos 18.450 postos de trabalho).

"A indústria fechou 3.230 vagas, o comércio perdeu 12.159 vagas e os serviços, 2.919, apesar do sucesso do verão e do Carnaval, que trouxe um bom contingente de turistas", afirma o economista.

Já a construção civil desacelerou, gerando apenas 344 vagas, mesmo em meio a obras importantes para as Olimpíadas de 2016. "Está claro que a cidade sofre muito com a recessão brasileira e a crise de governança da Petrobras", ressalta Vidigal.

Análise de março

Segundo ele, o nível de empregos no Estado do Rio teve um desempenho fraco em março, ficando apenas com o quinto lugar entre os estados brasileiros. Foram 156.934 admissões, ante 152.816 desligamentos. Em todo o país, foi registrado um pequeno saldo positivo depois de três meses - de apenas 0,05% no país, sobre o mês de fevereiro.

"O saldo geral positivo no Estado do Rio (4.118 vagas) foi puxado pela capital, que teve mais 3.153 vagas, um resultado considerado fraco, e também por Macaé, que teve 1.207 mais empregos, apesar da crise de governança da Petrobras", diz o economista.

Segundo ele, ainda no Norte Fluminense, Campos e São João da Barra continuam vivendo tempos de recessão e já cumulam no primeiro trimestre perdas líquidas de 2.156 vagas formais de emprego.

Macaé comemora resultado

Já em Macaé, o resultados de março foram comemorados, depois de três meses seguidos de demissões. O secretário de Trabalho e Renda, Alexandre Fernandes, destaca que foi o segundo município do estado na geração de empregos formais no período, ficando à frente de grandes centros comerciais do Rio de Janeiro, perdendo apenas para a capital, com 3.153 vagas preenchidas.

Segundo ele, a inversão do resultado mostra a força e a diversidade da economia de Macaé. “O município cumpre o seu papel como fomentador e facilitador do processo, além de firmar parcerias com empresas para cursos de capacitação”, disse.

Ele citou o Centro de Educação Tecnológica e Profissional (Cetep), cujos cursos são ajustados de acordo com as demandas das empresas parceiras. Desde 2013, todos os cursos do Cetep passaram a ter carga horária mínima de 120 horas, atendendo à exigência do Ministério da Educação (MEC) para capacitações de iniciação.

Segundo Fernandes, a partir dessa reformulação e ainda a das grades dos cursos, a procura das empresas junto à Secretaria de Trabalho e Renda por profissionais habilitados pelo Cetep passou a ser diária. Depois da reestruturação, 2.300 pessoas já se capacitaram pelo Cetep. Além disso, o tempo de permanência nas firmas se tornou maior, de acordo com o acompanhamento feito pelo órgão. 

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