Por nicolas.satriano

Rio - Setecentas toneladas de lixo depositadas diariamente no aterro sanitário de São Pedro da Aldeia por oito municípios da Região dos Lagos podem ter um destino mais nobre: gerar energia para abastecer cerca de 400 mil pessoas. A Usina Dois Arcos, da EcoMetano, que produz biogás purificado (biometano) a partir de resíduos sólidos urbanos, aguarda aprovação da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) para que comércios, residências e veículos possam receber o produto.

Funcionando desde agosto de 2014 em caráter experimental%2C usina de biogás espera sinal verde da ANPDivulgação

Em fase experimental desde agosto de 2014, a usina deve passar a atender ainda este mês o seu primeiro cliente: uma rede de supermercados. A expectativa é que, futuramente, possa chegar aos consumidores da CEG e da CEG Rio que usam gás canalizado. Contratos com clientes industriais também estão sendo negociados. Em março, o biogás produzido no local abasteceu o primeiro ônibus do Brasil movido a biometano, trazido ao país pela Scania.

Investimento de R$ 20 milhões, incluindo a construção do Aterro Dois Arcos, a usina é pioneira no Brasil na produção e aproveitamento do biogás de aterro. O biometano é fornecido em cilindros, como gás natural comprimido (GNC). A estimativa é chegar a 15 mil m³/dia em 2020.

O projeto é destaque na segunda Conferência Internacional sobre Tecnologia de Gás e Energia Renovável. A Regatec (International Conference on Renewable Energy Gas Technology), que acontece nestas quinta e sexta-feira, em Barcelona, na Espanha.

“O biogás é uma fonte de energia renovável, mais econômica, que gera mais benefícios ao meio ambiente e pode incrementar a matriz energética nacional”, diz Marcio Schittini, gerente de Desenvolvimento de Negócios da EcoMetano. Ele aposta que o país será o maior produtor mundial de biogás.

Biogás recebe incentivo no estado

A Usina Dois Arcos foi beneficiada pela Política Estadual de Gás Natural Renovável, criada em 2012 para incentivar a produção de gás a partir de resíduos urbanos, florestais, industriais e animais. O projeto faz parte da carteira do Programa Rio Capital da Energia, da Secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços.

“O governo do estado do estado criou uma política de incentivo para o gás natural renovável, estabelecendo que até 10% do combustível comercializado por CEG e CEG Rio sejam biogás, excluindo o consumo termelétrico”, explicou Maria Paula Martins, coordenadora do Rio Capital da Energia. Para ela, a produção de biometano também representa uma solução viável para o problema dos resíduos sólidos urbanos, que atinge milhares de cidades brasileiras.

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