Rio - A população da Baixada Fluminense, que já sofre com a falta de hospitais, pode enfrentar ainda mais dificuldades na principal referência da região, o Hospital Geral de Nova Iguaçu, o popular Hospital da Posse. O prefeito de Nova Iguaçu, Nelson Bornier (PMDB), ameaça devolver a unidade para a administração federal, caso o Ministério da Saúde não faça um reajuste no aporte mensal, que hoje é de R$ 9,1 milhões.
“Há oito meses venho mexendo nos recursos de outras áreas para poder arcar com as despesas. Preciso de mais R$ 6 milhões por mês, pelo menos. Caso contrário, em poucos dias vou devolver as chaves do hospital”, declarou.
Municípios vizinhos como Belford Roxo, Mesquita, Nilópolis e Queimados estão sem hospitais e a população vai procurar atendimento em Nova Iguaçu. O que se diz à boca miúda nos corredores do Hospital da Posse é que o problema é mais ou menos como dar uma festa para 200 convidados e na hora aparecerem 500. Alguém vai ficar em pé.
José Alberto Augusto Borges, de 62 anos, internado no Hospital da Posse há uma semana com insuficiência cardíaca, procurou atendimento no posto de saúde de Belford Roxo, onde mora.
“Chegando lá, mesmo com falta de ar e dor no peito, não foi atendido, pois alegaram que não atendiam emergência”, conta a filha, Luciane Mello Rodrigues. A família, então, foi direto para Nova Iguaçu, por já saber que o Hospital de Belford Roxo estaria fechado e que em Nova Iguaçu teria médico na emergência.
“Não temos mais como bancar. Estamos rediscutindo com o governo federal esses valores. O Ministério da Saúde prometeu uma resposta, mas nossa situação requer urgência”, disse o secretário de Saúde, Luiz Antônio Teixeira.
O Ministério informou que repassa anualmente R$ 90 milhões ao hospital, com contrapartida do município de R$ 1,9 milhão. Segundo o órgão, amanhã haverá uma reunião para discutir a situação. Já o secretário de Saúde Luiz Antônio Teixeira informou que será na semana que vem.
Internações só aumentam
Há mais de três anos, o número de internações e de atendimentos só aumenta. Segundo a Secretaria de Saúde de Nova Iguaçu, em 2014 foram 18 mil internações, enquanto todos os hospitais federais do estado fizeram, juntos, 61.451. Foram 123 mil atendimentos, 35% de pacientes de outros municípios. Desde 2013, a unidade passou por reformas de R$ 5 milhões, fora a aquisição de equipamentos.
“Como vou tirar dinheiro de Nova Iguaçu para atender pessoas de outras cidades?Nós tiramos o Hospital da Posse do caos, fizemos a nossa parte. Agora, queremos que o governo federal faça a parte dele”, diz Bornier.
