Por felipe.martins

Rio - A polêmica em torno da decisão da Prefeitura de Campos dos Goytacazes de ir ao mercado financeiro para cobrir o rombo da crise ganha mais um combustível. Nesta quinta-feira será lançada a campanha ‘Royalties, não venda o meu futuro’, para impedir que recursos do petróleo sejam usados como garantia de uma operação que pode chegar a a R$ 1 bilhão. A ideia do Observatório Social de Campos, que organiza a campanha, é recolher 16 mil assinaturas (5% dos 320 mil eleitores) para forçar a prefeitura a realizar um plebiscito para ouvir a população.

O arquiteto urbanista Renato Siqueira, diretor-geral do Observatório Social, diz que a proposta da campanha é evitar prejuízos a administrações futuras. “Isso vai comprometer as duas próximas gestões do município, além de contrariar a Lei de Responsabiliade Fiscal, que prevê que a dívida contraída por um prefeito seja esgotada na gestão dele”, disse. Somente de juros, segundo ele, seriam R$ 350 milhões por ano, já que a operação seria calculada em dólar, com lançamento de papéis na Bolsa de Nova Iorque.

Prefeita Rosinha: “Não tenho máquina de fazer dinheiro”Divulgação

Outra solução, diz ele, seria tentar reverter os resultados da votação na Câmara de Vereadores, que permitiu à prefeitura lançar mão de aplicar uma resolução do Senado Federal, recém-aprovada, que prevê parcelar empréstimos a municípios produtores com 10% dos royalties a receber em até 20 anos. Já o secretário de Desenvolvimento Econômico, Orlando Portugal, diz que a operação é a última alternativa para garantir investimentos em educação, saúde, coleta de lixo e infraestrutura. Em seis meses, o município já acumula uma perda de pelo menos R$ 540 milhões, somando royalties e outros repasses, como FPM e ICMS. “Não se pode pensar no futuro, sem pensar no presente”, disse ele.

Na sexta-feira, a prefeita Rosinha Garotinho esteve na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) para explicar a operação de crédito dos royalties que, segundo ela, não vai resolver, mas amenizar o problema. “Não tenho máquina de fazer dinheiro e muito me dói ter que demitir pessoas”, disse, ao destacar que, apesar da crise, tem conseguido pagar em dia os salários dos servidores. Nesta terça-feira, concluiu a folha de pagamento de junho e metade do 13º salário — ao todo, R$ 96 milhões. O secretário de Governo, Anthony Garotinho, disse que foram adotadas medidas que economizaram R$ 800 milhões, mas a perda já chega a R$ 1 bilhão.

Casimiro cancela até festa da cidade

Diante da queda prevista de R$ 70 milhões na receita de royalties para este ano _— o esperado era R$ 129 milhões —, a Prefeitura de Casimiro de Abreu anunciou nesta terça-feira que vai cancelar as festas e eventos de lazer do calendário oficial do município. Eventos tradicionais, como o Festival de Crustáceos, em sua 22ª edição, e até o aniversário da cidade, em 15 de setembro, estão ameaçados.

“O momento de crise financeira não é adequado para a realização de festas vultuosas e sim de tomarmos medidas para equilibrar as contas”, disse o prefeito Antônio Marcos.Para fechar o caixa, a prefeitura dispensou 581 servidores comissionados, restando 382. Com isso, reduziu em 12% a folha de pagamento, que passou a ser de R$ 6 milhões.

As secretarias tiveram que reduzir, em média, 30% dos seus orçamentos e o expediente foi limitado das 12 às 17h. Com todas as medidas, a economia já chega a R$ 19 milhões. A expectativa é atingir até o final do ano uma economia de mais R$ 34 milhões.

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