Por tabata.uchoa
O projeto bilionário acabou reduzido apenas a uma unidade de gásReprodução Internet

Rio - Anunciado em 2006 com pompa e circunstância como o maior complexo petroquímico da América Latina, o Comperj iria consumir 6,6 bilhões de dólares e gerar 212 mil oportunidades de trabalho. A notícia provocou uma corrida ao novo ‘eldorado’ do Rio, atraindo trabalhadores de todo o país. De cidade da poeira, Itaboraí virou a Dubai brasileira. Mas ao longo dos anos o megaempreendimento foi minguando, até receber uma pá de cal no escândalo da Operação Lava Jato, deixando uma legião de desempregados e cofres públicos combalidos. O ato de hoje no Centro do Rio, que espera reunir 5 mil pessoas de 13 cidades, quer cobrar da Petrobras a conclusão, pelo menos, da refinaria do Comperj.

Nos 45 mil metros quadrados, o complexo deveria abrigar uma unidade de processamento de gás natural, duas refinarias e dois conjuntos (clusters) petroquímicos. Alterado inúmeras vezes ao sabor dos interesses estratégicos da Petrobras, o projeto teve o orçamento mais que dobrado (US$ 13,5 bilhões), porém, reduziu-se à unidade de gás. Para finalizar uma das refinarias, a Trem 1, que já consumiu R$ 8,6 bilhões e tem 82% das obras prontas, a Petrobras alega que seriam necessários mais 4 bilhões de dólares e que precisaria de parceiros internacionais. Mas para os organizadores do ato pelo Comperj, o projeto pode se tornar viável com, pelo menos, a metade deste orçamento. E salvar a economia de Itaboraí e outras cidades.

“Somente a unidade de gás não agrega nada, não gera empregabilidade. Queremos a refinaria, que pode não gerar tantos empregos quando tiver operando (2 mil no máximo), mas vai gerar impostos. Só de ICMS para o estado serão R$ 298 milhões. E uma vez retomada, a obra volta a gerar ISS”, calcula o prefeito Helil Cardozo, líder do movimento. Uma das sugestões apresentadas à Petrobras é buscar as subcontratadas para finalizar o projeto. “Não queremos nos envolver na gestão, só queremos que terminem a obra”, disse ele, que também foi procurado por um grupo sulcoreano interessado em participar da obra.

Petrobras nega que obra esteja parada

O ato está marcado para as 14h em frente à sede da Petrobras, na Avenida Chile. Ao todo, são esperados 118 ônibus, vindos de 13 das 15 cidades que integram o Consórcio Intermunicipal do Leste Fluminense (Conleste), presidido por Helil Cardozo. São elas: Araruama, Cachoeiras de Macacu, Itaboraí, Guapimirim, Magé, Niterói, Nova Friburgo, Rio Bonito, Saquarema, Silva Jardim, São Gonçalo, Tanguá e Teresópolis. Apenas Maricá e Casimiro de Abreu não confirmaram presença.

A Petrobras não quis comentar a convocação para o ato, nem a reunião de quarta-feira passada, entre o presidente da empresa, Aldemir Bendine, e prefeitos da região para discutir a retomada das obras, paralisadas desde março, segundo Cardozo. Em nota, a empresa informa que, de acordo com o seu Plano de Negócio e Gestão (PNG 2015-2019), “as obras da central de utilidades do Comperj e das unidades de infraestrutura que irão suportar a partida da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) estão em andamento, com previsão para entrar em operação até outubro de 2017”.

Sobre o projeto da Refinaria Trem 1, a empresa disse que “está estruturando um modelo de negócio para a sua conclusão” e que, “atualmente, encontram-se em atividade cerca de 11.900 trabalhadores, em 23 contratos de construção e montagem”.

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