Por adriano.araujo

Rio - Desempregado há dez meses, Marcelo Gonçalves passava quase todo dia em frente àquela obra. Até descobrir que ali seria criado um novo centro comercial, para abrigar 25 empresas do setor de vestuário e acessórios, ponto forte da economia de Itaperuna, Noroeste Fluminense, distante 360 quilômetros do Rio. “Quando vi no Facebook que estavam recebendo currículos, comemorei muito. Tenho esperança de ser chamado”, diz Marcelo. Com previsão de inaugurar em 19 de setembro, o Pátio Cidade Nova vai abrir 100 empregos diretos e indiretos. Parece pouco, mas para uma cidade de 99 mil habitantes, é fundamental para ajudar a reaquecer a economia em tempos de crise.

INFOGRÁFICO: Confira onde há investimento de empresas em andamento

Em diversas cidades do estado, o fantasma do desemprego é atenuado pela esperança de novas oportunidades de trabalho em empresas de diferentes setores que mantiveram seus projetos de instalação ou expansão. Ao contrário do Comperj, em Itaboraí, onde os empregos parecem encolher a reboque das mudanças na estratégia de negócios da Petrobras e do escândalo da Operação Lavo Jato. Um levantamento da Companhia de Desenvolvimento Industrial (Codin) e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedeis), mostra que a economia no Rio não está parada.

Até 2016, quase 12,6 mil vagas serão abertas em 24 grandes empreendimentos. Juntos, eles somam R$ 8,27 bilhões em investimentos nas cidades do Rio, Duque de Caxias, São Gonçalo, Queimados, São João da Barra, Itaboraí, Itatiaia, Silva Jardim e Areal. De acordo com a presidente da Codin, Conceição Ribeiro, o ritmo diminuiu com a crise, mas os investimentos não param de chegar e estão se diversificando.

“Muitas empresas que querem vir para o estado não trabalham em um horizonte de um ou dois anos. Elas precisam ter um projeto de crescimento para quando a atividade econômica voltar a crescer”, explica. Segundo ela, algumas pisam um pouco mais no freio. “Quanto mais rápido o país sair da crise, mais rápido virá o investimento. Mas o Rio continua no radar dos investidores”, acrescenta ela, que esta semana receberá representantes de uma empresa de alimentos e bebidas da Espanha, interessada em se instalar no estado.

Mais concentrado na Região Metropolitana, Médio Paraíba e Norte Fluminense, o que ela chama de “processo de reindustrialização” do Rio foge do tradicional setor de óleo e gás. Dos 24 grandes empreendimentos, todos acima de R$ 50 milhões, apenas quatro são deste segmento. Os demais se dividem pelos setores automotivo, logística, farmacêutico, químico, alimentos e bebidas, construção, cosméticos e higiene pessoal.

Empregos da Baixada à Região dos Lagos

?Boa parte dos novos investimentos se dirige à Baixada Fluminense, especialmente no entorno do Arco Metropolitano. É o caso da Brasilit, fábrica de telhas e coberturas inaugurada sexta-feira em Seropédica, onde a P&G abriu há menos de um mês uma fábrica para produzir cremes dentais. Juntos, os empreendimentos somam R$ 335 milhões e geram 400 empregos diretos e indiretos.

A expansão chega também à Região dos Lagos. A gaúcha Cordoaria São Leopoldo, que fabrica cabos para amarração de plataformas de petróleo, está de malas prontas para Saquarema, onde investirá R$ 10 milhões, gerando 180 empregos diretos e 150 indiretos. A decisão de vir para o Rio é motivada pela proximidade do maior mercado consumidor, situado em Macaé, e os investimentos fiscais concedidos pelo estado, segundo Nelson Naibert, da consultoria Rosa,Naibert, responsável pela operação.

Também em Saquarema, a Indústria Sales investe mais de R$ 1 milhão na fábrica do azeite Quinta D’Aldeia e contratou recentemente mais 25 pessoas. Na contramão do cenário econômico, a estratégia, diz Artur Sales, diretor executivo da empresa, envolve modernização do maquinário, pesquisa de mercado, marketing e produto. Em São Pedro da Aldeia, o frigorífico Mayara Distribuidora, já em obras, vai gerar 600 empregos até o final de 2016.

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