Rio - "Uma revolução silenciosa". É assim que Rodrigo Neves, 39 anos, espera ver sua gestão reconhecida em Niterói. Colocar as contas públicas no azul em meio à crise foi a primeira façanha. O jovem prefeito fala pausadamente, mas, quando começa a enumerar planos e realizações, não para mais. Filho de educadores, o petista espera anunciar em 2016 o regime integral para todas as crianças em idade pré-escolar e a destinação de 28% do orçamento para Educação, três pontos além da exigência constitucional. O tema que tem tirado o sono de Rodrigo é a segurança pública. Ele resolveu dobrar o efetivo da Guarda Municipal e espera sinal verde da Polícia Federal para armá-la.
O DIA - Como está a saúde financeira de Niterói?
RODRIGO NEVES - Com medidas de austeridade fiscal, redução de despesas e novos sistemas de informação, aumentei a arrecadação sem aumentar impostos, em 17%. Isso permitiu chegar a janeiro de 2015 e sair do vermelho, do cenário de descontrole e caos que encontramos ao assumir em 2013. Colocamos a prefeitura nos trilhos. Aí veio a crise econômica nacional e estadual, com a redução da atividade do petróleo e a queda no preço do barril. Perdi em média 20% da receita de ICMS, FPM e royalties (em torno de R$ 60 milhões) no primeiro semestre. Apesar disso, vamos fechar o ano com o mesmo orçamento planejado em 2014, de R$ 2,1 bilhões.
E para 2016, o que senhor planeja?
Já reduzi em 10% os salários de prefeito, vice, secretários, presidentes e diretores da administração direta. Reduzi carros oficiais —eu mesmo uso carro popular —e também gastos com energia e telefone. Vamos reduzir contratos de terceirização e renegociar alguns. Vamos tomar medidas que não significam aumento ou criação de novos impostos para a população.
Pode antecipar que medidas serão essas?
Niterói não vai ter nem pedalada fiscal nem orçamento com déficit. Vou encaminhar para a Câmara um orçamento de R$ 2,3 bilhões. Meu orçamento era o quinto do estado e deve chegar a ser o terceiro (só perdendo para Rio e Caxias). Vamos ultrapassar Campos e Macaé.
E com todo esse equilíbrio nas contas, as promessas de campanha serão cumpridas?
Com muito planejamento e trabalho todos os compromissos assumidos já foram cumpridos ou serão cumpridos até 2016. Na área da educação, por exemplo, apresentei um programa para implantação de 20 novas unidades de educação, já funcionam 18 e ano que vem entrego mais três. Com esses investimentos, Niterói será a primeira cidade do Rio a ter todas as crianças na pré-escola em horário integral. O município tem uma das maiores receitas tributárias próprias do país e estou investindo ano que vem 28% do orçamento em educação, quando a imposição constitucional é de 25%.
E a requalificação do Centro de Niterói, nunca vai sair do papel?
Em função da crise no setor da construção civil e imobiliário no Brasil e dos problemas com as grandes empresas (envolvidas na Operação Lava Jato) que poderiam concorrer em um processo de PPP (parceria público-privada) de mais de R$ 2 bilhões, faremos uma adequação do projeto. Em outubro, mando para a Câmara uma nova proposta. Vamos executar o projeto em etapas. A primeira consumirá R$ 200 milhões e envolverá a Rodovia Amaral Peixoto, Rua da Conceição e Avenida Rio Branco.
A cidade possui altos índices de qualidade de vida, mas também enfrenta problemas de segurança. Tem solução?
Já investimos R$ 60 milhões em segurança. Aumentamos de 290 para 600 o efetivo da Guarda Municipal e dobramos o salário, que hoje é superior ao de um soldado da PM. A prefeitura reformou e reabriu cabines da PM, que passaram a ser ocupadas por guardas conectados a viaturas policiais que atuam naquele perímetro, e construí a Delegacia de Homicídios. Niterói já é a cidade mais vigiada do estado. Investimos no Centro de Informações em Segurança (Cisp) e temos 80 botões de pânico espalhados em vários pontos. Hoje, todas as entradas da cidade possuem sistema que identifica carros com placas roubadas. Até o fim do ano, 80 guardas receberão smartphones também com botões de alerta móvel.
Essas medidas são suficentes?
Estamos fazendo muito mais do que seria esperado. Mas ainda tenho insatisfação, apesar de os índices criminais serem menores. Mês que vem assino protocolo com a Polícia Federal para que a Guarda possa usar armamento de fogo (no estado, apenas Volta Redonda e Barra Mansa têm guardas armadas). A primeira turma será formada no segundo semestre de 2016. Da mesma forma como dobrei o efetivo da Guarda, espero que Pezão e Beltrame dobrem o efetivo da PM (mais 200 homens).
Como vai atuar a Guarda armada em Niterói?
Vai atuar só no asfalto. Nunca vai substituir a PM no enfrentamento da criminalidade, do tráfico de drogas, nem vai substituir a função da Polícia Civil nas investigações do crime organizado. Vamos implantar corregedoria, estatuto da Guarda e um programa de acompanhamento psicológico e treinamento. Entrego ano que vem a Cidade da Ordem Pública, com centro de formação e academia de esporte, para preparar o efetivo.