Rio - A realização dos Jogos Olímpicos no Rio tem suscitado grande preocupação de cientistas e atletas. Alguns chegaram a sugerir o cancelamento do certame, e outros, desistindo da competição por causa da zika. Tal postura é decorrente do desconhecimento, justificado entre os atletas leigos, mas injustificado por parte de membros da comunidade científica.
Medidas de proteção estão sendo tomadas pelas autoridades sanitárias responsáveis pelos Jogos no Brasil. Os atletas estarão protegidos na Vila Olímpica, e os que virão para assistir às competições devem atender às medidas protetivas individuais, como o uso de roupas claras e de mangas longas durante o dia, uso de repelentes cutâneos, uso de preservativo para evitar a contaminação por via sexual e adiar por seis meses a gravidez para evitar a microcefalia congênita.
O Fórum Iberoamericano de Entidades Médicas (Fiem), formado por organizações científicas e profissionais médicas das Américas do Sul e Central, México, Portugal e Espanha, em recente conclave em Portugal, ratificou a posição e fez importante alerta: “A Comunidade Médica incentiva as organizações não governamentais e filantrópicas, a comunidade internacional, as organizações oficiais e também a população mundial a mobilizar recursos nas áreas endêmicas para controlar os mosquitos transmissores não só da zika, mas de outras doenças, como a dengue, chikungunya e febre amarela endêmica, muito mais do que a gerar uma polêmica estéril.”
Desta forma, entendemos que não há qualquer razão plausível para que se avente a possibilidade de suspensão dos Jogos Olímpicos na certeza de que atletas e público têm todas as condições de participar do evento com total segurança. Basta que cada um cumpra sua parte: os responsáveis pelas questões sanitárias e os que estiverem no Brasil no período da competição.
A questão do enfrentamento não pode ser jogada para debaixo do tapete após passado esse período. Pelo contrário. Serão necessárias medidas enérgicas para que o país não fique mais no foco de notícias negativas e tantas vezes distorcidas. Temos problemas de mais, é verdade. Mas temos muitos profissionais competentes para auxiliar nas soluções. Basta vontade política.
Waldir Araújo Cardoso é presidente da Fed. Médica Brasileira