Por clarissa.sardenberg

Rio - Eles têm em comum a elegância política, a preocupação com os mais pobres e a distância mais que regulamentar de escândalos envolvendo dinheiro público. A população do Rio de Janeiro tem neste segundo turno um embate entre dois políticos que fizeram suas carreiras longe da corrupção, das denúncias e do noticiário policial. Não é pouco. Mas acho que terminam aí as semelhanças entre os dois Marcelos que disputam a sucessão de Eduardo Paes.

Crivella e Freixo têm visões muito diferentes, quase antagônicas, de saídas para a grave crise econômica e de gestão que se aproxima da Prefeitura tal qual o furacão Matthew chega perto da costa da Flórida.

Freixo considera que, quanto mais Estado, melhor. Promete criar banco e empresas públicas, dar aumentos reais - muito justos - ao funcionalismo e inserir um assembleísmo na cidade, prática que não faz parte das nossas tradições políticas e gera uma montanha de controvérsias por enfraquecer o poder dos vereadores eleitos. O Psol olha com antipatia para os empresários, vê o capital como inimigo e está na linha de frente do "Fora Temer", o que, no mínimo, dificultaria o diálogo com o Palácio do Planalto caso Freixo fosse prefeito.

Crivella é um político objetivo. Sabe onde buscar parcerias nos setores privado e público, conhece os caminhos e os ritos do diálogo em Brasília, circula com desenvoltura por corredores do Congresso e gabinetes da Esplanada dos Ministérios. Senador no segundo mandato, compreende o Estado como indutor, e não gerador de riqueza. Sabe que responsabilidade fiscal é mais do que slogan. 

A Prefeitura deve priorizar Saúde e Educação, melhorando estruturas físicas e salários de servidores após avaliação criteriosa do orçamento. É preciso gerar empregos, tendo a construção civil como vetor de um plano habitacional.  O papel do governo é induzir o crescimento da indústria criativa, buscar convênios com entidades como Firjan, Senai, Sesc e Sebrae, reduzir burocracia e impostos. Ou seja, fazer parte da solução e não do problema.

Freixo parece não compreender que inchar a máquina pública é cortar investimentos reais em saúde, saneamento, segurança, educação. É essa a grande diferença entre os dois Marcelos.


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