Por thiago.antunes

Rio - A cidade de Nova York sempre foi geradora de sonhos. A capital comercial e cultural do mundo precisou passar por transformações severas para atingir esse status. Negligenciada desde sua fundação, a colônia crescia desordenada, com ruas se espalhando pelos quarteirões, até que vereadores decidiram organizar a ilha.

O projeto de urbanização foi concluído em 1811 com cortes verticais e horizontais para facilitar a locomoção das pessoas e a circulação de ar. A Estátua da Liberdade acompanhou as intervenções do homem, que tornou Manhattan plana, criou pontes ligando áreas isoladas e barateou construções, dando origem aos arranha-céus.

Nova York cresceu em direção ao mar. Apenas o Bronx fica no continente. Na época, a população ultrapassava os três milhões de habitantes. A mudança ocorreu graças ao esforço coletivo de pessoas que pensaram a cidade como um todo em um plano a longo prazo.

É de ações planejadas que o Rio precisa. Durante décadas, os governantes tiveram duas maneiras de lidar com as população pobre: fazendo vista grossa ao crescimento desordenado ou removendo as famílias para áreas longínquas.

Sob a bandeira do sanitarismo, Pereira Passos derrubou cortiços e desalojou moradores na grande reforma do Centro. Sem ter para onde ir, os desabrigados aumentaram a população nas favelas dos morros da Providência e de Santo Antônio.

Depois, nos anos 1920, o Morro do Castelo foi desmanchado, e cerca de quatro mil moradores ficaram sem moradia. A remoção de pessoas de baixa renda das áreas centrais para conjuntos habitacionais em regiões periféricas do Rio de Janeiro, sem um planejamento, rede de serviços públicos, lazer e mercado de trabalho, levou ao aumento da violência.

Este ano, as estruturas das antigas Secretarias de Urbanismo, Habitação e Obras passaram a trabalhar integradas com o objetivo de planejar, projetar e investir em ações de prioridade dos moradores para reduzir desigualdades e a violência urbana.

Nova York teve coragem de antecipar seu crescimento e projetar a cidade com um Plano Diretor que este ano completa 206 anos. O mesmo deve acontecer aqui com a contribuição de todos na sociedade discutindo ideias para tornar o nosso Rio uma cidade melhor.

Índio da Costa é secretário municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação

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