Por thiago.antunes

Rio - Taí um dos livros mais intrigantes que li nos últimos tempos. ‘Pós-capitalismo, Um guia para o nosso futuro’, do inglês Paul Mason. Coisa séria que, por isso mesmo, merece atenção. Diz basicamente que o velho capitalismo está moribundo, que o neoliberalismo é furada e que o próximo sistema sociopolítico e econômico já está entre nós.

Alguém aí haverá de perguntar: “E eu com isso?” A resposta: você pode até achar que estamos muito bem, ok, mas nem tudo o que a gente acha tem a ver com a realidade. O que o Mason faz é abrir nossos olhos a respeito destes tempos. De quebra, dá uma tremenda aula de história, política e economia dos últimos 300 anos. No fim, antes que nos desesperemos de vez, aponta bons caminhos para que a humanidade mantenha um mínimo de dignidade.

Cheio de argumentos pesados, Mason mostra que a tecnologia da informação está quebrando mercados e detonando as relações tradicionais de trabalho. O trabalho colaborativo está aí para isso. Para defender seu poder, os monopólios estão se fortalecendo, mas não será para sempre.

Bom exemplo é o próprio mercado de jornalismo, que, bem ou mal, ganhou milhões de concorrentes em todos os cantos onde há uma conexão à Internet. Como sabemos, tudo à nossa volta é informação. Sendo abundante, torna-se barata, até porque é facilmente produzida e reproduzida por todos.

Seu custo chega a virtualmente zero. E isso não é nada bom para o atual sistema de poder, baseado na constante criação de novidades, sempre de olho no consumo.

Assim, o que Mason chama de infocapitalismo está criando (ou já criou) o homem instruído e conectado, que vai tocar essa mudança. Ideia que me parece um tanto otimista, mas ele diz que as elites não vão conseguir matar essa nova geração. Fico na torcida.

Só que o tempo para realizar a tarefa de melhorar o planeta é escasso, sobretudo porque os desastres ambientais, garante Paul Mason, não são papo furado. Eles são perigos reais num planeta descontrolado, baseado na energia proveniente do carbono e que, por força do mercado, reprime as fontes alternativas.

Trata-se, por esses e muitos outros pontos, de um livro que rende assunto para quem gosta de debates inteligentes. Também nos ajuda a acreditar menos em achismos, essa praga da sociedade centrada nas vãs opiniões de Facebook e afins. No fim das contas, a intenção de Mason é provocar bons insights sobre a construção de um futuro decente para todos, e não apenas para meia dúzia. E isso, sem dúvida, ele consegue.

Nelson Vasconcelos é jornalista

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