Por thiago.antunes

Rio - A situação geral não está deixando ninguém relaxar. Veja você que dormi muito dia desses, enrolado numa gripe danada e nuns sonhos medonhos. Aí sonhei que Rodrigo Maia tinha se tornado presidente do Brasil... Lamentável.

Na hora lembrei da mais famosa frase de ‘O leopardo’, do Lampedusa (1896- 1957): “Se quisermos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude.” Significa que, quando a situação está periclitante, você deve mexer seus pauzinhos para, debaixo da névoa de mudanças, manter posição. Também lembrei desse livro ontem, enquanto lia sobre Cabral, Geddel, Eduardo Cunha, esses ratos todos.

E por falar em cadeia, imagine o Paul McCartney cantando ‘Yesterday’ a capela, para meia dúzia de detentos e carcereiros, trancado numa cela de uma velha penitenciária japonesa. Esta cena marcante, ocorrida em 1980, está na biografia do Beatle escrita pelo jornalista Philip Norman, lançada por aqui dia desses. Ex-Beatle? Não. Quem foi Beatle nunca perde a realeza. O próprio Norman sabe disso. Depois de anos numa pinimba com Paul, ele se tocou de que era tudo inveja — e acabou escrevendo o livrão de 800 páginas.

Nunca fui particularmente interessado nos Beatles, muito menos no Paul, mas o bom texto me entreteve alguns dias. Há muitas historinhas, como não poderia deixar de ser quando se trata de uma vida absolutamente agitada e, como disse o Norman, invejável. Batalhas jurídicas me fizeram pular páginas, é verdade, assim como o climão de fofoca no relato sobre o casamento com a alucinada Heather Mills, que, diz Paul, só não foi o maior erro de sua vida porque resultou numa filha linda.

Mas, para quem curte rock, o livro merece uma boa leitura. Norman vai fundo. Estão lá a longa trajetória de 12 anos Paul e John Lennon, seus conflitos com a banda e com Yoko, gravações, erros e acertos, shows, mulheres, muitas mulheres, muitas drogas, muita grana, o amor por Linda, a decepção com Michael Jackson, os anos pós-Beatles e outras curiosidades.

No fim das contas, vemos um Beatle genial porém inseguro, carente, bom de conversa. E que gosta de tirar onda, como todo astro da música pop. Consta, por exemplo, que certa vez Paul mandou levar sua pizza preferida de Nova York para Londres, via Concorde. Nada mal para um muquirana histórico.

Basta dizer que, quando sua mãe morreu, o então adolescente perguntou ao pai: “Como vamos fazer sem o dinheiro dela?”. A situação era mesmo periclitante. Ninguém diria que o menino chegaria aos 75 anos de idade com patrimônio equivalente a R$ 3,3 bilhões. E crescendo, porque ele não para de trabalhar.

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