Por thiago.antunes

Rio - A primeira constatação vem da ideia de avaliação. Avalia-se uma situação, um resultado ou um desempenho com vistas a verificar se está coerente com o que se espera (com o que foi planejado). Caso não esteja, devemos analisar a situação para decidir o que faremos para atingir o que se espera.

É isso que ocorre quando olhamos no espelho para avaliar se a roupa está adequada para a ocasião e identificamos que a combinação de cores não está harmoniosa: trocamos imediatamente. Pois isso não é tão lógico nas escolas.

Boa parte delas, ao avaliar e descobrir que alguns alunos não aprenderam, simplesmente responsabiliza o desinteresse, a indisciplina, a família e até mesmo o sistema por tal resultado e simplesmente segue em frente.

A segunda constatação decorre da primeira. A avaliação distorcida que muitas escolas realizam produz os bons e os maus alunos. A lógica dessa situação seria oferecer aos ‘maus’ todo o apoio, atenção e esforço para que melhorem (correlato a atender mais intensivamente os pacientes mais graves num hospital).

Mais uma vez, boa parte das escolas foge da lógica, deixando os que mais precisam de lado e se dedicando apenas aos que estão ‘interessados’. Isso seria análogo ao abandono dos pacientes mais graves e a dedicação aos que se curam rápido.

A terceira constatação é muito antiga e parece já estar consolidada na cultura escolar. Professores mais experientes e competentes escolhem lecionar para turmas mais comportadas e interessadas.

As turmas que mais precisam de uma ação docente efetiva ficam para os mestres iniciantes e inexperientes que, por sua vez, aguardam ansiosos pela chegada de outros menos experientes para deixar-lhes o legado do castigo. Aqui não se faz necessária comparação para que a falta de lógica seja entendida.

A quarta constatação, que não esgota a lista, mas que por ora fecha as nossas reflexões, vem do fato de muitas escolas chamarem os pais dos alunos que possuem maior dificuldade em aprender alguma disciplina e recomendar que arrumem professores particulares pelo risco de reprovação.

O papel da escola é ensinar a todos, e não apenas aos ‘bons’, que aprendem no tempo previsto, mas essa é mais uma lógica que parece não fazer parte da escola.

Júlio Furtado é professor e escritor

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