Por thiago.antunes

Rio - O jornalista mineiro José Bruno Silva fez a seguinte colocação em uma rede social de internet: “Só espero que as próximas gerações sejam mais corajosas e menos recessivas do que a minha está sendo. Nossos filhos e netos sentirão vergonha pelo que fizemos e pelo que deixamos de fazer. São tempos sombrios.”

Sim, são tempos sombrios, caro Bruno. Sou da geração que começou a luta nas Diretas Já, se consolidou nos manifestos vestindo preto contra o governo Collor, fugindo de gás lacrimogêneo e de soldados armados.

Vejo os mais jovens e adolescentes se contentando em buscar ‘likes’ nas fotos de perfil e serem escravos do WhatsApp, mas não utilizando este aplicativo para marcar encontros a fim de engajamento social; e, sim, engajamento ‘nas sociais’, popularidade virtual e todo pacote felicidade.

Assim fica fácil para os ‘desgovernadores’. Talvez minha geração tenha errado ao pensar que suas pequenas lutas eram definitivas e deixaria como legado um Brasil mais evoluído.

Por outro lado, disse a professora catarinense Marina Carla: “Eu penso que boa parte desta letargia acontece pelo fato de que, por mais que a população já tenha se manifestado, feito greve, se revoltado em outras ocasiões, não adiantou, pois no final o governo fez o que bem quis e nem levou por um segundo sequer a vontade do povo em conta. Não consigo ver perspectivas, é uma sensação de tristeza, de impotência tão grande.”

Ainda completou o professor paulistano Jaime Guimarães: “Eu estava pensando nesta letargia da população, na passividade do povo..., a gente vai buscar Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro, Faoro e até na literatura com Lima Barreto e Euclides da Cunha para tentar entender, mas basicamente o que há é que o povo está tão massacrado que não consegue entender o que está acontecendo diante do nariz.”

A apatia aliada à ausência de empatia tem contribuído para a deterioração dos valores da sociedade brasileira, que se dá com a perda gradual dos direitos do cidadão e do trabalhador; e se assiste passivamente aos fatos como se fossem favoráveis.

Este texto construí junto a meus amigos Bruno, Marina e Jaime numa breve incursão pelo mundo virtual. Porque acredito na discussão saudável, na união como ferramenta de mudança e na esperança com atitude.

Ana Cecília Romeu é publicitária e escritora

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