Rio - A família convencional, aquela com pai e mãe, é lugar de garantia para um bom desenvolvimento emocional? E a família homoparental? Podemos pensar que a família convencional também não é lugar de garantia de um bom desenvolvimento emocional; isto quer dizer que uma família convencional pode não ser funcional, e uma família não convencional também. O que vai proporcionar o desenvolvimento salutar é a capacidade que esses pais têm de cuidar e de acompanhar o desabrochar dos filhos.
Diante de inúmeras possibilidades de novas estruturas familiares, o que me parece mais adequado indagar seria: como essa família é estruturada? Há vínculo de pertencimento (filiação psíquica), dessa criança na família? O ambiente é acolhedor? A relação entre os membros é pautada no respeito, no carinho e na lealdade? O desenvolvimento emocional vai acontecer na interação entre as características inatas da criança e o ambiente em que ela vive. A filiação psíquica ou o sentimento de pertencimento, muito mais que a filiação biológica, ainda pode ser considerado fator vital para o desenvolvimento emocional.
É importante pensar que as funções materna e paterna estão presentes em todas as relações, seja homoparental ou heterossexual. O que quero dizer é que crianças que possuem um lar funcional, um ambiente salutar, com uma família continente, independentemente de ser formado por um casal homoparental ou heterossexual, possuem a base para um bom desenvolvimento emocional. Assim, a orientação sexual dos pais não é fator determinante para uma boa parentalidade e sim a qualidade desse vínculo pais e filhos.
Quando se fala em função parental, sabemos que função materna e a função paterna podem ser desempenhadas por ambos os parceiros. É comum notar ainda em relações homoparentais que um ou outro dos parceiros desempenha mais notadamente uma função do que outra.
Família, hoje, ao contrário de antes, não é mais tudo igual, o que ainda deve permanecer e isso para sempre, é que seja, antes de tudo, um núcleo verdadeiro de afetividade. A família se qualifica, hoje, pela diversidade em busca de noção de pertencimento, aceitando a sua variedade de constituição, onde o seu único comprometimento deve ser os laços de afeto, baseados no amor, na criação de autonomia e no respeito, onde a pluralidade afetiva não pode representar uma ameaça a família e nem a educação e formação dos filhos.