Por Ivanir dos Santos Babalawo

Rio - O STF tomará nesta quinta-feira uma decisão importante para as religiões de matriz africana, votando a proibição de abate de animais em cerimônia religiosa.

O julgamento no Supremo Tribunal Federal da ação 49.460, proposta pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul, trata da proibição do abate de animais nas cerimônias dos povos tradicionais de matriz africana, que têm por prática criar, sacrificar e preparar os próprios alimentos para celebrar suas consecutivas divindades afro-brasileiras: orixás, voduns, nkises etc.

Em repúdio a essa ação jurídica do MP gaúcho, dezenas de instituições que representam a população de muçulmanos, judeus e afro, religiosas e religiosos de forma independente promoveram o 'Xirê Público Nacional' nas principais praças das capitais do país, ao longo da tarde de ontem, véspera do julgamento da ação.

Grupos levaram ao público suas indignações, em vista do ato considerado um ataque ao Estado laico, no qual deveria valer o direito religioso, na verdade, a liberdade religiosa. Entende-se que, com esse julgamento, os autores desse processo querem o cerceamento das ofertas e oferendas e, por extensão, das práticas religiosas de um contingente importante da população.

É um tema muito delicado do ponto de vista religioso. O "abate" de animais em cerimonias religiosas é uma pratica milenar, que não é verificável apenas nas tradições africanas. Estamos falando de prática religiosa que está diretamente ligada à cultura alimentar de um grupo. E isso é também verificável entre os muçulmanos e judeus. Por isso, precisamos entender que uma ação como essa representa desrespeito à religiosos e religiosas de diversas denominações.

As religiões de matrizes africanas tem um envolvimento profundo com tudo que envolve a fauna e flora. As práticas ritualistas estão em perfeita sintonia, harmonia com a natureza para a manutenção das energias que fortalecem o nosso sagrado.

A ideia da convocação é chamar a atenção e mostrar que a votação é um equívoco. Proibir é pior ainda. Os grupos religiosos e simpatizantes são contra a interdição de suas práticas milenares.

 

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