A democracia digital exige novas responsabilidades de todos

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A democracia digital exige novas responsabilidades de todos Reprodução
Por Bia Willcox*

Quero falar de democracia, seja no Rio, no Brasil ou no mundo.

Quero dividir com vocês o meu lado mais otimista como quando olho com um sorriso suave para a sociedade hoje alicerçada sobre a comunicação digital e todos os efeitos da Internet. Sim, quero compartilhar o meu deslumbramento com as infinitas possibilidades de participação e inclusão que os meios digitais podem nos proporcionar.

Pontos negativos? Há muitos.

É momento de transição e aprendizagem? Com certeza.

Estamos todos aprendendo a lidar com uma ferramenta que vem revolucionando as relações, os mecanismos de poder, as formas de controle e, mais que tudo, aprendendo a lidar com a verdade mais fácil (lembrando que a verdade mais fácil é um combo que vem com a mentira também mais fácil!).

A verdade é algo que pode ser de muitos, de poucos ou de uma só pessoa. Mas com as ferramentas que temos hoje, podemos acessar informações rapidamente, trocar ideias, entender sem precisar de quem explique, aprender sem precisar de professor e esclarecer o que antes ficava nebuloso.

Ou seja, hoje é muito mais fácil descortinar as diferentes verdades. Doa a quem doer. Nua e cruamente muitas vezes. Pode parecer que estou enaltecendo a fofoca (sei que se fofoca muito por mensagens privadas e whatsapp) que é parte intrgrande do ser humano, mas me refiro a mais que isso.

Falo de esclarecimento do que está obscuro, do compartilhamento do que é de conhecimento de poucos, da democratização da opinião.

Falo de oportunidades menos discrepantes para quem tem um celular com wi-fi ou 3G na mão.

2.

Mais do que tudo, falo de um poderoso remédio contra manipulações, armações e jogos sujos. Sem falar no compatilhamento de notícias boas, exemplos e feitos.

De novo, obrigada, Internet.

Quando páro pra pensar, fico verdadeiramente maravilhada. Até porque, lembre-se, nasci bem antes de você existir e a vida antes de você era bem pior em vários sentidos.

Você aí que me lê deve pensar: esqueceu-se do lado ruim que tudo tem?

Não. Nem poderia.

Vivemos hoje a possibilidade de tanta verdade nas mãos, com tanta facilidade em acessá-la que o balde transbordou. É preciso regular a torneira. Tem verdade entornando e descendo ralo abaixo.

Chegamos à pós-verdade.

Pós-verdade nada mais é do que a verdade que é dita sem dar tempo nem de provar se ela existe ou se é mentira. É muita velocidade.

Muito conteúdo pra pouco filtro.

É muita verdade junta.

Como tudo na vida, eis o efeito colateral da vida na web.

Dito isto, volto para a sociedade digital pra quem sorrio e me encanto com tudo o que podemos nela.

Pensem sobre como é lindo podermos saber das coisas por diferentes meios, podermos pensar do nosso jeito, questionar quem quer nos fazer pensar igual, fuçar, investigar, concluir e desconfiar.

Podemos hoje descobrir o que nos parecia impossivel saber.

Essa verdade ninguém tira de nós.

3.

Algo precisa de esclarecimentos? Faz um post e esclarece.

Precisa acessar pessoas e comunicar algo ou mesmo transmitir algum fato verdadeiro? Monta um grupo no whatsapp e se comunica.

Mentiu sobre algo? Lá estão as redes sociais de um jeito ou de outro tirando a sua privacidade e contando ...a verdade.

Quer descobrir algo sobre alguém? Vai pro Google.

Quer aprender outras versões por conta própria? Basta estar na Internet.

Enfim, lidar com tudo isso é como tomar um porre de verdades e de informações.

Precisamos agora respirar fundo, ter tempo e calma pra digerir tudo o que recebemos e encontrarmos o equilíbrio que se faz necessário na era da ciberdemocracia.

Vivemos o êxtase da ciberdemocracia.

O francês Tocqueville, apesar de fazer restrições à igualdade e à democracia (ele era um aristocrata rico!), reconhecia que o progresso da igualdade entre as pessoas (ele achava que igualdade e democracia eram sinônimos) seria inevitável no futuro.

Acredito que sem saber bem, ele previu a igualdade da banda larga e a democracia digital.

Agora é aprender a pilotar essa enorme aeronave e fazer o melhor uso possível das verdades que podemos ter em nossas mãos.

* Bia Willcox é jornalista e escritora

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