Marcelo Queiroz - Divulgação
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Por O Dia

Rio - Atribui-se ao ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill a frase: "A democracia é o pior dos regimes políticos, mas não há nenhum sistema melhor que ela". Palavras de um político que liderou o seu país na Segunda Guerra Mundial, quando um regime totalitário ameaçava o planeta. Sustentar a democracia é difícil mesmo para nações mais experimentadas no assunto, como a Grã-Bretanha de Churchill. O momento vivido pelo Brasil às vésperas de mais uma eleição direta nestes 30 anos de regime democrático nos dá a grande dimensão deste desafio.

Uma democracia sempre precisa de tempo para amadurecer, dentro do conceito de que ter liberdade requer responsabilidade, algo que muitas vezes não se conquista da noite para o dia. Todos os terremotos políticos que o Brasil atravessou - incluindo a destituição de dois presidentes da República por meio de impeachment, além de senadores e deputados presos ou acusados de corrupção - devem servir como ponto de reflexão para que o brasileiro aprenda lições destes episódios e o país não continue a ser roubado em quantias inimagináveis que deveriam estar sendo empregadas em Saúde, Educação e Segurança.

No entanto, passadas três décadas do fim de um regime antidemocrático, as lições que surgiram e ainda surgem da vida política brasileira ainda não foram suficientes para solidificar todas as bases da nossa jovem democracia. As lacunas que ainda existem acabam abrindo espaço para a polarização, o extremismo - sempre condenável, qualquer que seja a ideologia por trás dele - e o consequente acirramento dos ânimos que vemos hoje nas ruas e nas redes sociais.

É preciso ter sempre em mente a importância de respeitar opiniões diferentes da nossa. No melhor exercício de alteridade, lembrar que "nós somos o outro, na visão do outro". E que, dentro desse clima de respeito, as discussões podem e devem acontecer, pois somente por meio delas grandes questões podem ser resolvidas e um consenso, algo que parece quase utópico nos dias de hoje, pode ser alcançado.

Mas para que se possa ter a liberdade de opinar, a obediência à lei tem que ser total e valer igualmente para todos. Não se pode querer aplicá-la apenas aos que têm posições diferentes, no melhor estilo "aos amigos, tudo. Aos inimigos, a lei". Nesse cenário, e inspirado no saudoso poeta Carlos Drummond de Andrade, que nos brindou com "amar se aprende amando", podemos dizer que "votar se aprende votando".

Marcelo Queiroz é advogado e professor universitário

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