Aristóteles Drummond, colunista do DIA - Divulgação
Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação
Por Aristóteles Drummond Jornalista

Rio - Há dias, em almoço na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), fui abordado por uma funcionária do BNDES, que se apresentou como Fátima, filha de meu grande e saudoso amigo Benjamin Farah. Esse foi um político que conheci há meio século, no início da vida de repórter.

Este encontro inesperado fez com que eu me lembrasse da figura do deputado federal e senador de vida modesta, postura exemplar, espírito público, diria que quase sacerdotal. Dedicado ao mandato em tempo integral. Era um trabalhista autêntico, foi do PTB e do PSP de Adhemar de Barros, tendo sido senador já no MDB, ocupando a vice-presidência do Senado.

Consultei o Google e fui reencontrar os nomes daquela época. Em todos os partidos e tendências, dignos e de mãos limpas. Os católicos tinham seu representante, Eurípides Cardoso de Menezes, homem que transbordava tolerância, bondade e bom senso. As letras jurídicas, Alberto Cotrim Neto, Adauto Lúcio Cardoso, Nelson Carneiro.

Em 1962, a cidade do Rio, então Guanabara, escolheu dois senadores exemplares. O primeiro foi o pastor Aurélio Vianna, pelos socialistas, vindo de um mandato de deputado federal por Alagoas. E o segundo, reeleito, o admirável Gilberto Marinho, que veio a presidir o Senado e tinha origem militar.

A educação era representada por educadores como Flexa Ribeiro, Souza Marques, Gonzaga da Gama, Yara Vargas, Gladstone Chaves de Melo, Álvaro Vale e outros.

O Rio tinha uma tradição de eleger nomes nacionais, acolhendo alguns de outros estados, como ao eleger senador, em 1958, Afonso Arinos Sobrinho, que até então integrava a bancada mineira. E para governar o Estado da Guanabara, que era a atual capital do estado, escolheu dois notáveis homens públicos: Carlos Lacerda e Negrão de Lima. Este último tinha uma visão de estadista, pois alargou a Avenida Atlântica, removeu as favelas da orla da Lagoa e abriu os túneis e viadutos de acesso à Barra da Tijuca. O que seria do Rio sem Negrão?

No antigo Estado do Rio, também abundavam grandes nomes. Entre eles: Amaral Peixoto, Macedo Soares, Raimundo Padilha, Miguel Couto Filho, Prado Kelly e Vasconcellos Torres.

O governador Wilson Witzel pode restaurar esta qualidade, pois possui formação de militar e magistrado. Não pode perder a chance de aproveitar bons quadros, e formar uma nova geração de homens públicos com valores e competência para a gestão pública. Daria um grande exemplo, e restabeleceria o Rio como centro político e cultural de nosso país de qualidade, recuperando uma tradição perdida.

Anime-se, governador!

Aristóteles Drummond é jornalista

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