Emanoele Freitas - AAPA - divulgação
Emanoele Freitas - AAPAdivulgação
Por Emanoele Freitas Escritora e especialista em Neurociência

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) envolve diversas características que dificultam o rela cionamento com os familiares. O convívio, em algumas vezes, é o desafio. Cada dia é um dia. Há períodos mais tranquilos e tem outros que já se iniciam com problemas.

Os momentos mais delicados envolvem os surtos que pode haver ou não agressividade. No caso do meu filho, além de autismo, apresenta Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD).

Mas há também os momentos mais amáveis. É quando ele me abraça, beija e consegue verbalizar algo novo ou ter uma atitude de autonomia que já vinha sendo ensinada e, de repente, consegue fazer.

Quando se tem outro filho (a) que não é autista, pode ser difícil para ele (a) aceitar todos os problemas que envolvem o TEA. No começo, é normal ter dificuldade em aceitar o jeito do irmão.

A melhor maneira para ajudar os filhos neurotípicos a lidar melhor com as instabilidades do irmão autista é fazê-los entender o que se passa com ele. É preciso explicar e pontuar que ele não é assim todo o tempo. São só momentos.

Além disso, não se pode esquecer de dar carinho e atenção para o restante da família, apesar do autista exigir muita atenção. O equilíbrio é vital. É preciso respeitar cada um e nunca superproteger o outro por ter uma deficiência. A opinião do outro irmão também deve ser levada em conta.

No meu caso, toda vez que minha filha quis expressar suas dores, eu ouvi e orientei. Sempre mostrei que as consequências são para os dois em igual. Por exemplo, se meu filho autista quer algo que é da irmã, faço ele pedir e ver se ela quer emprestar ou não. Todos devem entender que são uma família. Não se pode negligenciar um em prol do outro. Os direitos são iguais.

Pais que aceitam o filho autista propagam isso para os demais. O amor aos filhos faz isso, sem diferenças. Todos são especiais e importantes. Todos precisam da mesma dose de amor. Claro que, em algumas vezes, precisará conversar com o filho neurotípico e pedir que ceda um pouco em certas ocasiões. Mas se ele souber que o outro irá ceder também, tudo se ajeita.

Também é preciso respeitar o período de maturidade. Por exemplo, quando pequenos, eu interferia sozinha durante os surtos. Mas agora que os dois estão na adolescência, chamo minha filha para me auxiliar. Isso tem ajudado a ela a compreender melhor o irmão e, principalmente, aprender a amá-lo.

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