opinião 18 abril 2019 - arte o dia
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Por Luiza Elena R. do Valle Especialista em Psicopedagogia

Rio - A leitura é a atribuição de um significado a um texto escrito, bem diferente de decifrar letras. Também para adquirir o domínio da escrita é preciso ler e não fazer simples cópia ou imitação. Quem precisa ler? As crianças que entram na escola, chegam a terminar o ensino fundamental sem alcançar a proeza de ler e escrever. Sem alfabetização funcional, que envolve a compreensão da leitura, é difícil ter um lugar ao sol. Apesar dessa consciência, que fez lembrar a Educação na Constituição de 1988, e, em 1996, fez surgir a Lei de Diretrizes e Bases e outros esforços legais, temos 11,8 milhões de brasileiros analfabetos, grande parte, adulta.

O Brasil tem 54,73% dos alunos acima dos 8 anos com nível baixo de leitura: uma em cada cinco crianças de oito anos não consegue ler uma frase inteira e 7 entre cada 10 alunos do Ensino Médio tem nível Insuficiente em português, de acordo com as mesmas fontes do governo. A Base Nacional Comum Curricular, um estudo que envolveu muitos anos de reuniões e estudos, diminuiu para dois anos o tempo de alfabetização (antes eram três). Agora, uma nova Política Nacional de Alfabetização, defendida pelo secretário de Alfabetização, prevê a alfabetização em um ano. Seria uma boa solução?

Seria ótimo, se fosse simples assim! O desenvolvimento infantil, obedece a um ritmo de desenvolvimento que reúne o amadurecimento neuropsicológico em conjunto com o estímulo ambiental. Esses são os fatores que precisam ser valorizados na definição de prazos. Sim, a alfabetização deveria ser priorizada no primeiro ano do fundamental, mas a criança deve receber preparação adequada na fase pré-escolar, para que a alfabetização não pule etapas do desenvolvimento psicomotor (equilíbrio, coordenação global e fina, orientação espaço-temporal, linguagem oral e comunicação, ritmo, raciocínio matemático, inteligência emocional, compreensão social, análise e síntese, tomada de decisão, entre tantas outros cuidados - especialmente se considerarmos as questões de inclusão), como condição para que a aprendizagem ocorra.

De verdade, tão importante, quanto determinar prazos é oferecer instrumentalização e suporte aos professores, com recursos adequados aos novos tempos, o que significa envolver também a família e a sociedade nessas mudanças. É tempo de desenvolver políticas que incentivem novas práticas de alfabetização, adequadas aos novos tempos.

Luiza Elena R. do Valle é especialista em Psicopedagogia

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