Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP)divulgação
Por Randolfe Rodrigues*
Na última semana o Brasil chorou a morte de Paulo Gustavo, falecido aos 42 anos em decorrência do novo coronavírus. Após 53 dias internado, foi constatada a irreversibilidade do seu quadro clínico, interrompendo a vida de um ser humano que conquistou milhões de pessoas com o seu carisma e forma de encarar a vida. Sempre sorridente, abordava assuntos espinhosos com leveza, humor e sabedoria, deixando transparecer aquilo que era a sua marca: a gentileza.

Quem teve a oportunidade de conviver com ele sempre citava essa sua característica, dedicando atenção a quem quer que fosse, mesmo quando os compromissos profissionais pareciam fazer o tempo livre desaparecer. Generoso, deixa não apenas um imenso legado artístico multifacetado, mas a lembrança de um ser humano que militou e cultivou o amor pelos lugares onde passou.

A comoção generalizada com o seu falecimento talvez seja devida àquela sensação de que todos nós perdemos um Paulo Gustavo nessa pandemia, isto é, todos nós fomos subitamente privados do convívio com pessoas amadas e inspiradoras. Um pai, uma mãe, irmão ou irmã, filhos, amigos, namorados, maridos…enfim, nossos amores. Assim, de uma hora para outra, a privação do deleite da companhia de pessoas importantes e que fizeram a diferença na nossa vida.

A perda de Paulo Gustavo vem no momento em que a pandemia do novo coronavírus se faz mais devastadora no Brasil, quando ultrapassamos a marca de 430 mil vidas perdidas em função da covid-19. E inevitavelmente repetimos a pergunta: quantas vidas poderiam ter sido poupadas se a crise sanitária tivesse sido encarada de outra forma?

O Brasil é apontado como um dos países com a pior resposta à pandemia do novo coronavírus. Tal condição inclusive resultou na restrição de circulação de brasileiros e brasileiras ao redor do planeta, com a proibição de entrada em dezenas de países e interrupção de voos internacionais tendo o Brasil como destino ou ponto de partida. Hoje, somos párias.

A proliferação de linhagens e novas cepas originadas no Brasil colocam o resto do mundo em alerta e causam preocupação com uma nova onda mundial de contaminações, especialmente agora que as diferentes vacinas em uso começam a mostrar resultados, reduzindo drasticamente o número de contaminações e mortes nos países cuja imunização da população está avançada.

Por aqui ainda patinamos em nossa campanha de vacinação, com menos de 15% da população vacinada, ocupando a 59ª colocação no ranking mundial de imunização.

É nesse contexto que a CPI da Pandemia vem para contribuir no controle da crise sanitária. Queremos saber quais foram os motivos que nos trouxeram a esta situação de descontrole nas contaminações, elevado número de óbitos e escassez de vacinas para imunização da população brasileira. Vamos investigar as omissões e principalmente as ações que propiciaram ao Brasil se tornar epicentro mundial da pandemia, além de celeiro de novas cepas do coronavírus.
*É senador da Rede-AP e vice-presidente da CPI da Pandemia