Rio - A Polícia Civil desarticulou nesta quinta-feira uma quadrilha que comandava a venda de botijões de gás em mais de 20 comunidades com Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio. O esquema era ligado ao tráfico de drogas das favelas e obrigava 200 mil pessoas a comprar gás em um único lugar mais caro que em outros estabelecimentos. De acordo com as investigações da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), o bando vendia 50.000 botijões mensalmente a R$ 70 — R$ 20 mais caro que no asfalto, o que rendia ao grupo R$ 3,5 milhões por mês.
Em 11 meses de investigação, 70 pessoas foram presas.Um deputado federal foi citado pela quadrilha em conversa telefônica. O Ministério Público Federal vai investigar o caso. Nesta quinta-feira, durante a operação Reinado, 2 mil botijões foram apreendidos nas favelas, e a contabilidade e computadores dos empresários envolvidos no crime foram encontrados no escritório e residências do bando, que seria liderado por Carlos Eduardo Camilo. O grupo já expandiu os negócios em São Gonçalo e pretendia levar o esquema para Minas Gerais.
Segundo o delegado-titular da DDSD, Roberto Gomes Nunes, os empresários são donos de empresas legais revendedoras de gás, porém vendiam o produto para os boqueiros — como são chamados os comerciantes de gás nas favelas — que não têm autorização da Agência Nacional de Petróleo (ANP) para comercializar o produto.
“Esse comércio é feito em pequenas biroscas, mercadinhos e em depósitos de botijões clandestinos nas favelas. Em alguns lugares, havia 50 botijões armazenados, o que coloca em risco a vida dos moradores”, explicou o delegado. Segundo a polícia, um botijão de gás corresponde a 11 bananas de dinamite.
“Quem comprava em outro local que não fosse dos revendedores que forneciam para as favelas era punido por traficantes que tomavam o botijão e ainda expulsavam a pessoa da comunidade. Os moradores eram subjugados”, explicou o delegado.
Ao todo, 16 pessoas fazem parte do grupo de empresários que vendia botijões para as favelas. Desse total, 10 foram presos e todos tiveram a denúncia do Ministério Público aceita pela Justiça. Eles vão responder por associação criminosa, crime contra a economia popular e crime contra a ordem econômica. Eles podem pegar de seis a 23 anos de prisão.