Rio - A Polícia Civil do Rio realiza, na manhã desta quarta-feira, uma operação para combater o crime de racismo no Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina, Bahia, Rio Grande do Sul e São Paulo. De acordo com a polícia, a ação tem foco no caso da atriz Taís Araújo, que foi alvo de comentários racistas em seu perfil do Facebook em outubro de 2015. Os policiais tentam cumprir quatro mandados de prisão e 11 de busca e apreensão.
De acordo com os agentes, foram constados fortes indícios de que o ataque contra a artista foi premeditado e articulado entre um grupo, criado com a exclusiva intenção de praticar ataque de cunho racistas. O grupo investigado tem a temática de realizar ataques à perfis, páginas e contatos de Whatsaap motivados pelo sentimento de descriminação racial.
As investigações apontaram ainda que a estrutura organizacional tem como foco a incitação aos demais membros para o cometimento de atividades ilícitas aos moldes do ocorrido na presente investigação. Nas convocações para os ataques, os incitadores criam grupos secretos e temporários para potencializá-los, e ainda, chegam a informar maneiras de mascarar a conexão no intuito de tentar dificultar o rastreamento.
Por fim, as investigações concluíram que a organização do grupo, tem estrutura organizacional definida, onde os administradores definem as ações, com planejamento e execução dos ataques, selecionando premeditadamente as vítimas, e pessoas que podem participar do grupo fechado, inclusive com punições que podem gerar até exclusão do membro que desrespeite a ordem emanada de um administrador.
Taís teve o seu perfil no Facebook atacado na noite de 31 de outubro do ano passado. Ela reagiu e anunciou que levaria o caso à polícia. Na rede social, escreveu: "É muito chato, em 2015, ainda ter que falar sobre isso, mas não podemos nos calar. Na última noite, recebi uma série de ataques racistas na minha página. Absolutamente tudo está registrado e será enviado à Polícia Federal. Eu não vou apagar nenhum desses comentários. Faço questão que todos sintam o mesmo que eu senti: a vergonha de ainda ter gente covarde e pequena neste país, além do sentimento de pena dessa gente tão pobre de espírito. Não vou me intimidar, tampouco abaixar a cabeça".
Em solidariedade, espalhou-se na web a hashtag #SomosTodosTaísAraújo. Em julho do ano passado, a jornalista Maria Júlia Coutinho, da Rede Globo, também foi alvo de insultos racistas na internet.
Com Estadão Conteúdo