Rio - O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) fez um discurso incitando a violência na Câmara dos Deputados na noite da última segunda-feira para policiais militares e integrantes do Corpo de Bombeiros. Na fala, o parlamentar convocou a corporação e as pessoas a irem para as ruas e sitiarem o Congresso Nacional, no final de abril, no dia da votação a favor do impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
O político afirmou ainda que os correligionários que votassem contra o processo de cassação, sofreriam represálias quando tentassem deixar a Casa. "Sr. Presidente, quero cumprimentar aqui os meus colegas da Polícia Militar do Distrito Federal e os integrantes do Corpo de Bombeiros Militar, contrários ao Projeto nº 3.123, que não tem nada a ver com o teto de vocês ao não transformar a licença em pecúnia. É um crime retirar qualquer direito de policiais e bombeiros militares.(Palmas nas galerias.)".
"Quero dizer mais, Sr. Presidente, desde agora — eu não sou o Coronel Alberto Fraga, que é muito mais chegado a vocês do que eu —, que, no dia da votação do impeachmentaqui, no final de abril, vocês todos têm que sitiar o Congresso Nacional e botar lá fora 50 mil pessoas ou mais! Aquele Parlamentar que, porventura, não votar pela saída dessa impostora e corrupta, Dilma Rousseff, vai ter problemas para sair do Congresso. Então, estejam todos aqui no final de abril para votar o impeachment de Dilma Rousseff!", disse ele em discurso taquigrafado no site da Câmara.
Procurada, a assessoria do político informou que o deputado apenas usou uma força de expressão, mas não comentou sobre a ameaça feita pelo político aos parlamentares que votarem contra o impeachment. A assessoria da Câmara dos Deputados informou que vai enviar o discurso para a Polícia Legislativa a fim de avaliar a fala do parlamentar. A instituição ainda não informou como será feita a segurança no dia da votação do impeachment.
'Caráter fascista'
Em conversa com o deputado Carlos Zarattini, um dos líderes do PT na Câmara dos Deputados, ele se mostrou preocupado com a fala do colega Jair Bolsonaro. Segundo Zarattini, incitar a violência "é uma coisa que lhe preocupa muito". "Violência desnecessária só mostra o caráter fascista de algumas pessoas", não citando o nome de Bolsonaro. Perguntado sobre quais providências o partido tomará contra o parlamentar do PSC do Rio de Janeiro, o político disse que vai analisar junto a bancada, do seu partido, na Casa, para saber quais serão os procedimentos.
Por telefone, a assessoria de imprensa da Presidência de República se limitou a dizer que não vai comentar o caso.
Colaborou Rafael Nascimento