Por gabriela.mattos

Rio - Menor unidade da Polícia Militar do Rio, com pouco mais de 200 homens e cerca de 70 animais ossos duros de roer, o Batalhão de Ação com Cães (BAC) entrou na fase final de preparação para atuar nas Olimpíadas, intensificando seus treinamentos. Agora, os xodós da corporação vão ganhar dois equipamentos essenciais para a segurança deles: coletes especiais à prova de balas e coleiras com GPS.

Os dispositivos auxiliarão na localização dos animais em caso de sequestro ou se perderem da equipe em operações. Na semana passada, foi iniciado mais uma etapa do Curso de Condutores de Cães de Faro de Armas e Drogas (CCCFAD).

De acordo com a Polícia Militar, o BAC é hoje o mais eficiente do gênero em apreensões no País — foram 16 toneladas de maconha, cocaína e crack desde 2010, além de 170 fuzis, revólveres e pistolas no mesmo período. Os números dobraram nos últimos cinco anos.

Acostumados a encarar traficantes armados até os dentes em comunidades conflagradas, os cães já testaram vários equipamentos de proteção, mas nenhum aprovado até então.

Treino%3A desde 2010%2C o batalhão de cães apreendeu 16 toneladas de maconha%2C cocaína e crack%2C além de 170 fuzis%2C revólveres e pistolasAlexandro Auler / Agência O DIA

“Dois protótipos de coletes balísticos para os cães e coleiras com GPS estão sendo remetidos à empresas para que sejam feitas alterações e façamos novos testes. O objetivo é chegar a modelos ideais, que cumpram seu papel de proteção, sem que cause qualquer tipo de desgaste ou estresse aos animais”, diz nota emitida pelo BAC. A nota ressalta ainda que o GPS vai controlar a distância percorrida pelos cães, calculando possíveis desgastes de peso e energia.

Por motivos de segurança, o comando do BAC evita dar detalhes, mas o modelo do colete em teste teria o mesmo material desenvolvido pela Associação Científica Russa para Produção de Materiais Especiais (NPO). A instituição inventou um colete balístico para cães policiais, após a morte da pastora belga Diesel, que virou heroína na França. Ela morreu em operação durante os atentados terroristas naquele país, em novembro do ano passado. Com reforço para as regiões do pescoço e peitoral (barriga e costas), os cães poderão ter até a cabeça protegida.

De acordo com o tenente Daniel Puga, porta-voz do BAC, outra expectativa gira em torno de cinco cães (Nala e Aba, pastoras belga de malinois, e os labradores Cléo, Chefe e Delta), que estão prestes a receber certificação internacional, que vão garantir que estão aptos a executarem varreduras preventivas e repressivas de explosivos durante os Jogos Olímpicos.

Facebook com 26,7 mil curtidas

Subordinado ao Comando de Operações Especiais (COE), em Olaria, o BAC ganhou semana passada dois filhotes de labradores, doados por uma juíza. Em homenagem à magistrada, os condutores os batizaram de Lex e Juris — lei e direito em latim.

“Com apenas dois meses de vida, estão em fase de imunização e adaptação, mas nas primeiras avaliações de aptidão para as atividades que lhes serão confiadas, não deixaram a desejar”, garante o tenente Daniel Puga.

A dupla também passará por desafios que traduzem o grau de poder investigativo e a energia para localizar explosivos, além de testes de coragem, com barulhos e ruídos intensos.

Para os fãs do BAC, o batalhão criou perfil no Facebook, com o mesmo nome da unidade. Até a noite de sexta-feira, a página tinha mais de 26,7 mil curtidas. Nela, são lembradas, por exemplo, os feitos dos cães que mais apareceram na mídia nos últimos anos, como Boss, Apolo, Argos, Luna, Nina e Clint. Eles serviram de inspiração, inclusive, para as polícias da França, Colômbia e Equador.

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