Rio - Imagens da câmera de um ônibus da linha Integrada 2 (Alvorada-Rio Sul) que passava pela Avenida Niemeyer, na manhã da última quinta-feira, no momento em que o trecho da ciclovia Tim Maia caiu mostram duas grandes ondas avançando na direção da via. Com o impacto da água, o parabrisa do ônibus ficou estilhaçado. No vídeo é possível observar também a queda de 50 metros da via. Na ocasião, odesabamento matou duas pessoas, e outras três estão sendo procuradas pelo Corpo de Bombeiros.
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A queda aconteceu por volta das 11h12, quando uma forte onda invade a pista. A câmera mostra também que na ciclovia estavam quatro pessoas. Logo depois, uma segunda onda, mais forte, destrói cerca de 50 metros da ciclovia.
Parte da ciclovia Tim Maia desaba
Parte da ciclovia Tim Maia, em São Conrado, na Avenida Niemeyer, Zona Sul do Rio, desabou na manhã da quinta-feira. O trecho da queda tem 50 metros e fica na altura do número 500. Dois homens morreram por conta do desabamento da estrutura e seus corpos foram resgatados no mar. Três pessoas ficaram feridas. As buscas por vítimas continuam.
Homicídio culposo
Duas perícias já foram feitas no local e responsáveis pelo projeto e execução da obra vão depor na próxima segunda-feira. A 15ª DP (Gávea), que investiga o caso, apura se houve homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
Sobre o desabamento
"Provavelmente, o que aconteceu foi um problema de projeto", afirmou José Schipper, vice-presidente do Crea-RJ. De acordo com o engenheiro, "o que pode ter acontecido, foi um problema de projeto, que não deve ter levado em conta um esforço de carga forte vertical, de baixo para cima, nem transversal. A ligação entre os pilares e a parte horizontal da estrutura é feita com amarração de ferro. Eles estão interligados, mas talvez não o necessário para aguentar a força de ondas fortes como essas", disse.
Ainda de acordo com o especialista, a estrutura poderá ser reparada, no entanto é preciso fazer um "reforço" uma "amarração do pilar junto com o tablado da ciclovia".
O engenheiro Raul Rosas, professor do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio, concorda com o vice-presidente do Crea-RJ. “Uma onda forte deve ter atingido a estrutura de baixo para cima causando uma força aparentemente superior ao que foi previsto no projeto, que arrancou a base da ciclovia”, avaliou.
Segundo o especialista, os projetos de engenharia civil devem prever cargas verticais e horizontais que podem sobrecarregar a estrutura. “Teria que ser prevista uma carga eventual de baixo para cima. Pela imagem que se viu, a infraestrutura da ciclovia e os pilares em si estão em boas condições. O problema deve estar na ligação entre a pista da ciclovia e os pilares”, acrescentou.
Outra hipótese apontada pelo engenheiro é que tenha havido uma falha na execução da ligação entre os pilares e o piso da ciclovia especificamente no ponto onde o acidente aconteceu. “Se foi isso, seria menos generalizado. Esperamos que seja um problema local, algo pontual. O reforço é possível”, apontou.
O professor da PUC e o vice-presidente do Crea-RJ compararam a possível causa do desabamento de parte da ciclovia da Niemeyer com a queda de uma passarela na Linha Amarela, em 2014, que foi atingida por um caminhão. Na ocasião, cinco pessoas morreram e quatro ficaram feridas.
Em entrevista a Globo News, o especialista em gerenciamento de risco, Moacyr Duarte, afirmou que “a alegação de que a onda está grande e maré de lua cheia é maior é verdade, só que é um fenômeno recorrente e fez parte do estudo para o projeto que foi feito, então, esta explicação não vale”, afirmou.
“A onda entrou em determinado ângulo, correu por aquele paredão menos inclinado, bateu explodiu em direção na vertical, para cima, quando fez isso ela tirou a passarela de cima, porque as colunas estão inteiras”, finalizou.
O desabamento ocorreu pouco mais de quatro meses após sua inauguração. Inaugurada em meados de janeiro, a ciclovia Tim Maia liga o Leblon a São Conrado e tem sete quilômetros de extensão.
A ciclovia
A ciclovia Tim Maia – que ganhou o nome do cantor porque, no projeto original, vai ligar o Rio "Do Leme ao Pontal" – tem um trajeto total, que ligará o Leblon à Barra da Tijuca. A construção da via foi feita pela empresa Concremat e teve o inicio em junho de 2014 com um custo de aproximadamente R$ 45 milhões.
Procurada, ninguém da Concremat foi localizado para comentar o acidente.
Em 17 de janeiro, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, inaugurou a primeira parte da ciclovia, que vai apenas do Leblon à São Conrado e tem apenas 3,9 quilômetros. Ainda não há data para a entrega da segunda parte da pista, que vai ligar São Conrado à Barra.