Por clarissa.sardenberg

Rio - O prefeito Eduardo Paes declarou que compreende a indignação das famílias das vítimas do desabamento da ciclovia da Niemeyer ao saber que foi chamado de assassino por parentes do gari comunitário Ronaldo Severino da Silva, no enterro do homem. O corpo do morador da Rocinha, o segundo encontrado no mar, foi sepultado na manhã deste sábado no cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio. "Recebo com tristeza, mas compreendo a indignação da família", afirmou o governante, em entrevista coletiva à tarde.

Paes fez o primeiro contato, na manhã deste sábado, com a família do engenheiro Eduardo Marinho de Albuquerque, um dos dois mortos na tragédia. Ele contou que conversou pessoalmente com um cunhado da vítima e que foi recebido "de maneira educada". O prefeito afirmou que ainda não conseguiu contato com com a família de Ronaldo e que a Procuradoria Geral do Município vai tratar das indenizações de forma sigilosa.

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Paes convocou nova coletiva de imprensa após falar no final da noite desta sexta-feira sobre desabamentoDivulgação / Prefeitura do Rio

"Mais uma vez tive a oportunidade de me solidarizar e lamentar o ocorrido pessoalmente. Ainda não consegui falar com a viúva. E eu quero afirmar que a prefeitura, dentro daquilo que é de sua responsabilidade, vai buscar, de maneira adequada, (...) ressarcir essas pessoas sob o ponto de vista material. Mas nada substitui uma vida, nada repara a perda de uma vida", ressaltou.

O prefeito aproveitou para esclarecer os valores gastos pela prefeitura com a construtora Concremat, responsável pela obra da ciclovia. De acordo com Paes, a prefeitura desembolsou R$ 186 milhões para obras contratadas com a companhia entre 2009 e 2016, período de seu governo. Entre os anos 2000 e 2008, segundo Paes, foram gastos com a Concremat R$ 33 milhões.

Apesar do aumento de 400% nos gastos com a mesma empresa, Paes esclareceu que os investimentos da prefeitura com todas as obras durante o seu governo, em relação a todas as 350 empresas de construção que prestam serviço ao município, foram 900% mais altos do entre 2000 e 2008. "É mais que natural que a empresa tivesse aumento dos valores pagos a ela pela prefeitura ao longo desse período. Todas as empresas de construção receberam mais porque cresceu a quantidade de obras", explicou.

A prefeitura não cogita a hipótese de derrubar a ciclovia e aguarda os relatórios solicitados ao Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH) e à Coppe/ UFRJ para identificar as causas do acidente. Paes reafirmou o compromisso de punir os funcionários da prefeitura que forem apontados pelas investigações como responsáveis pelo desabamento.

Prefeitura estuda plano de contingência 

Eduardo Paes reconheceu que a prefeitura errou ao não ter planejado um plano de gerenciamento de risco para utilização da ciclovia da Niemeyer em períodos de ressaca no mar, ou seja, alguma medida para impedir o acesso ao local em situações de risco. No entanto, segundo o prefeito, nem a construtora Concremat nem a Geo-Rio fizeram qualquer recomendação nesse sentido.

A Geo-Rio era o órgão da Secretaria Municipal de Obras responsável pela fiscalização da obra. O presidente da instituição, Mário Machado, pediu afastamento do cargo na noite de sexta-feira. Paes informou que um plano de contingência será estudado para quando a ciclovia for reconstruída e liberada por completo ao público. Os trechos construídos em solo já foram reabertos.

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