Rio - “Essa ciclovia está condenada. Tem que demolir!”. O veredito é da arquiteta e urbanista Ana Teresa Nadruz, autora de uma petição pública em favor da demolição total da ciclovia Tim Maia, ligando o Leblon a São Conrado, que está conquistando cada vez mais adesões na internet. Segundo a arquiteta, que tem 40 anos de experiência em gerência de projetos, com 22 shoppings centers e mais de 30 prédios construídos, são tantos os erros na concepção ou na execução do projeto que a obra, que custou cerca de R$ 44,7 milhões, deveria virar entulho.
Para a arquiteta, a ciclovia que desabou na última quinta-feira, matando duas pessoas, jamais poderia ter sido construída à beira-mar "e muito menos ter sido montada com estruturas pré-moldadas naquela configuração especificada. Isso é para quem tem pressa. Os shoppings são feitos com pré-moldados. Só que não estão sujeitos às intempéries do mar”, critica Ana Teresa. Ela disse ainda que nem se a pista estivesse parafusada resistiria ao “soco no queixo de baixo pra cima, que levou das ondas”.
Na avaliação dela, a pista é perigosa tanto para pedestres quanto para ciclistas. "Sua implantação afastada da autopista da Avenida Niemeyer, oferece ao usuário a insegurança de dois precipícios: um voltado para o mar e outro para a rocha e longe da pista oferecendo pouquíssimas rotas ter de fuga", alerta. Quem quiser assinar a petição deve acessar o link: http://www.peticaopublica.com.br.
Fora da concorrência
A prefeitura afastou as empresas Contemat e Concrejato, do grupo Concremat, de todos os processos de contratação e licitação de obras de estrutura, enquanto durarem os trabalhos de apuração das responsabilidades técnicas pelo acidente da ciclovia. A decisão será publicada nesta quarta-feira no Diário Oficial. Além disso, todos os pagamentos destinados às duas empresas estão retidos.
O decreto determina que os responsáveis técnicos do consórcio que trabalharam na obra da via da Niemeyer sejam afastados de qualquer contrato firmado com a prefeitura. O projeto executivo da ciclovia, obtido pelo ‘RJTV’, não possuía relatório de análise de riscos, que previssem o impacto da ressaca. Outra irregularidade foi a ausência de assinaturas dos responsáveis técnicos pelo projeto.
MP investiga improbidade na contratação
O Ministério Público do Rio instaurou nesta terça-feira inquérito para apurar possíveis atos de improbidade administrativa na contratação da Concremat, no acordo feito entre a empresa e a Geo-Rio. A investigação vai apurar as circunstâncias da contratação, por meio de licitação de menor preço, e condições técnicas.
A Concremat possui tradição em obras de reparos e, a ciclovia, era a primeira grande obra na gestão do prefeito Eduardo Paes (PMDB), dos 54 contratos firmados pela construtora com o município desde 2009. Os outros contratos eram de reformas, sendo que 46% foram feitos sem licitação. A vereadora Teresa Bergher (PSDB) entrou ontem com petição civil pedindo a demolição da ciclovia, e a devolução aos cofres públicos do dinheiro pago à construtora.
Músico responsabiliza ciclistas pelo acidente na via
Um comentário feito pelo vocalista Roger, da banda Ultraje a Rigor, sobre o acidente na ciclovia, conforme noticiou o ‘Informe do DIA’, gerou revolta nas redes sociais. “Não quero culpar ou desculpar ninguém, mas os próprios ciclistas não viram a ressaca?”, disse Roger, que tem 635 mil seguidores no Twitter.
A reação foi imediata. “Não quero culpar e nem desculpar ninguém, mas os sem-terra não viram os policiais chegando armados em Eldorado dos Carajás?”, postou usuário, lembrando o massacre no Pará, em 1996.
Outras mensagens foram feitas em relação ao rompimento da barragem em Mariana, rm 2015, e outras tragédias.
Roger alegou que foi mal-interpretado. “Deve irritar gentinha como vocês, sem a menor perspectiva de ser alguém ou algo na vida e que mal sabe organizar um pensamento”, diz.