Rio - O Dia do Trabalho, celebrado ontem, foi marcado por diversos atos em todo o país tendo como foco principal as discussões sobre a possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Centrais sindicais pró e contra a saída de Dilma reuniram milhares de pessoas nas ruas e deram espaço para lideranças políticas discursarem. Em São Paulo, a presidente participou da manifestação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), onde voltou a afirmar que é vítima de um golpe e anunciou aumento de 9% no Bolsa Família, entre outras medidas do ‘pacote de bondades’.
No Rio, a manifestação da CUT foi com ato cultural ao longo do domingo nos Arcos da Lapa, intercalado por discursos de integrantes da entidade, apontando sobretudo os riscos de um eventual governo de Michel Temer. À noite, um show com personalidades do samba, como Monarco, Nelson Sargento e Noca da Portela encerrou o evento.
Ao defender a permanência de Dilma no governo e a tese de que há um golpe em curso, o presidente da CUT no Rio, Marcelo Rodrigues, convocou a população a fortalecer o movimento contra o impeachment.
“A gente vive um clima de golpe e de incerteza. Então, é o ano de fazer um movimento mais forte, para além da comemoração”, afirmou o sindicalista, ressaltando que, no caso de Michel Temer assumir a presidência, haverá grandes prejuízos aos trabalhadores.
O presidente da CUT indicou, entre outros pontos, os prejuízos do plano de privatizações de Temer para o trabalhador. “Temer já falou que quer privatizar tudo o que puder. É o Projeto de Lei 4.330 (que trata de mudanças no contrato de prestação de serviços terceirizados), aquele que rasga a carteira de trabalho, voltando com força total”, disse Rodrigues.
Antes de subir ao palco, Monarco homenageou os trabalhadores. “O samba e eu estamos aqui por eles. Viva o trabalhador brasileiro”, declarou o compositor, que também defendeu a permanência de Dilma e comentou sobre o clima de intolerância que tem tomado conta do país.
"Meu coração quer que a presidente fique. E eu sigo o meu coração”, afirmou Monarco, que completou: “Vivemos numa democracia. Defendo a presidente e tenho amigos que são contra. Mas não deixo de ter amizade com eles. É assim a democracia e que devemos seguir”.
Em São Paulo, o ato realizado pela CUT a favor da permanência de Dilma reuniu milhares de pessoas no Vale do Anhangabaú. E na Avenida Paulista, manifestação organizada pela Conlutas pedia novas eleições gerais.
Também na capital paulista, a Força Sindical reuniu grupos em prol do afastamento da presidente na região do Campo de Bagatelle. O evento teve a presença de parlamentares de oposição, como o presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força (SP), e a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), que foi muito vaiada. Para atrair participantes, a central promoveu sorteio de automóveis.
As manifestações ocorreram em pelo menos 15 estados organizadas pelas centrais sindicais. Somente em Belém, no Pará, houve registro de confusão entre grupos pró e contra o impeachment.