Por gabriela.mattos

Rio - A segurança das vias expressas do Rio, palco de arrastões e da morte da estudante Ana Beatriz Frade, no início do mês, deve ficar com os homens do Exército durante a Olimpíada. Pelo menos é o que quer o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, que se reuniu ontem com o governador em exercício, Francisco Dornelles, e o ministro da Defesa, Raul Jungmann, no Palácio Guanabara, para pedir reforço de tropas federais para a cidade.

O objetivo é trazer, além dos 9,3 mil soldados da Força Nacional de Segurança já assegurados, mais militares do Exército (a quantidade ainda não foi definida) para a capital. Beltrame quer que os homens das Forças Armadas patrulhem áreas como Transolímpica, linhas Vermelha e Amarela e corredores próximos à Barra da Tijuca.

Durante o tiroteio%2C policiais correm na Lagoa-BarraJoão Laet / Agência O Dia

O envio de mais tropas ao Rio ainda depende de aprovação do presidente em exercício, Michel Temer. O ministro Jungmann será o interlocutor entre o estado e a União. Mesmo sem a aprovação da Presidência, Beltrame adiantou que a PM fará um levantamento das áreas e vias expressas da capital que poderão ser ocupadas pelo Exército. “A nossa ideia (com a atuação do Exército) é liberar a PM para sua principal função, a segurança pública, cuidar do turista que estará na cidade”, disse o secretário.

Por meio de nota, a assessoria de comunicação da PM informou que o comandante do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas, coronel Ubiratan, disse que toda e qualquer ajuda é bem-vinda. 

No dia 7 de maio, Ana Beatriz Pereira Frade, de 17 anos foi morta após bandidos fazerem um arrastão para assaltar motoristas em um acesso à Linha Amarela, na altura na saída 4, em Del Castilho, na Zona Norte. A jovem foi atingida por um tiro e não resistiu.

Os tiroteios e arrastões têm sido frequentes corriqueiros nas vias expressas da cidade. Na última quarta-feira, em um assalto a dois veículos carregados com cigarros, oito bandidos armados de fuzis atiraram, e um motorista foi baleado na perna.

Número de homicídios cresce 23% na Baixada

Enquanto a preocupação com a segurança na capital do estado ganha peso na agenda do governo, a Baixada Fluminense sofre uma escalada da violência. “Vamos nos reunir para discutir este assunto porque o crescimento do índice de homicídios na Baixada nos preocupa”, afirmou o secretário Beltrame, após a reunião com Jungmann e o governador em exercício.

O número de homicídios dolosos na Baixada aumentou 23,7% se comparado o mês de abril deste ano com o mesmo período de 2015: de 135 subiu para 167, segundo o ISP. Nas regiões de Duque de Caxias, Campos Elísios, Xerém e Imbariê houve um aumento de 52%, passando de 25 homicídios para 38 se comparando abril de 2015 e abril de 2016. Já em São João de Meriti mais do que dobrou comparando abril de 2015 com o mês passado: de 9 passou para 19. Em Seropédica, Itaguaí, Paracambi, Queimados e Japeri subiu 23,5% no mesmo período. Houve, no entanto, queda de 23% em Nova Iguaçu, Mesquita, Comendador Soares, Nilópolis e Posse: de 52 em abril de 2015 para 40 em abril deste ano.

Rocinha tem dia de tiroteios

Poucas horas após o secretário de Segurança José Mariano Beltrame dizer que vai solicitar o Exército para a segurança nas vias expressas, um intenso tiroteio na Rocinha chegou a fechar as pistas do sentido São Conrado da Autoestrada Lagoa-Barra no fim da tarde de ontem, deixando o trânsito complicado. Segundo moradores, a troca de tiros foi mais intensa entre 16h e 17h, enquanto o Batalhão de Operações Especiais (Bope) realizava operação na comunidade.

Na subida do morro, em São Conrado, muitos moradores esperavam o fim do confronto para voltar para casa. “É um absurdo fazer operação nesse horário, cheio de criança voltando da escola. Depois um tiro pega em uma criança, e vão colocar a culpa nos bandidos. Se a polícia não subisse neste horário, não tinha tiroteio agora”, afirmou uma moradora que aguardava para voltar para a casa com a filha e pediu para não ser identificada.

Em alguns momentos do tiroteio mais intenso, os policiais da UPP local fecharam a saída do Túnel Zuzu Angel, sentido São Conrado, para a segurança dos motoristas. Já por volta das 18h, moradores é que tentaram bloquear a via para protestar contra a operação, mas foram impedidos pelos policiais. O Batalhão de Choque chegou também à comunidade pouco antes das 19h.

A Polícia Militar informou que, com base em informações levantadas pelo serviço reservado, a operação tinha o objetivo de prender o chefe do tráfico local Rogério Avelino da Silva, conhecido como Rogério 157. Até o fechamento desta edição, segundo a corporação, não houve feridos ou presos.

?Com Caio Barbosa e Diego Valdevino

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