Rio - A Defensoria Pública do Estado do Rio lamentou o uso da força policial, sem autorização judicial, na retirada dos estudantes que ocupavam a Secretaria Estadual de Educação, ontem de madrugada. O órgão considerou a ação desproporcional à ameaça que os adolescentes instalados na sede da secretaria poderiam representar.
Para os defensores públicos, a segurança dos alunos deveria ter sido priorizada. Na desocupação feita às 4h30, policiais do Batalhão de Choque (BPChq) usaram spray de pimenta para forçar a saída de um grupo de vinte jovens que havia permanecido no local, após reunião com o secretário de Educação, Wagner Victer.
Pelo menos dois estudantes perderam os sentidos e foram socorridos por outros jovens que classificaram a ação como truculenta. Eles disseram que a polícia usou spray de pimenta diretamente no rosto deles. De acordo com o batalhão, os PMs estavam no local “para manter a integridade física dos ocupantes e evitar depredações no prédio”.
O secretário e os estudantes conversaram por aproximadamente três horas e foi fechado um acordo no qual os estudantes poderão participar das negociações de mudanças e melhorias propostas pela secretaria. Mesmo após o acordo, segundo a secretaria, o grupo permaneceu no prédio. Segundo o governo, o portão ficou aberto para que eles se retirassem quando quisessem.
Ainda segundo o BPChoque, houve diálogo com os estudantes, que inicialmente concordaram com a saída. Em seguida, segundo a PM, os ocupantes retrocederam do acordo. Por fim, o batalhão explica que foram esgotados todos os mecanismos de negociação e por isso foi necessário o uso progressivo da força para a desocupação. Ontem, estudantes voltaram à Seeduc, onde um carro da PM permanecia na entrada do prédio.
A Defensoria Pública acrescentou que tem mantido, junto com o Ministério Público, um fórum de negociação permanente para tentar encerrar a ocupação das mais de 70 escolas estaduais ocupadas por alunos e garantir a volta às aulas. “Acreditamos que o diálogo e a mediação são os caminhos eficazes na solução de conflitos”, defendeu o órgão.
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