Por gabriela.mattos

Rio - "Eram meninos que não tinham envolvimento com drogas, traficantes, nada. Bateram, torturaram e mataram dois inocentes. Meu filho só foi visitar um amigo em um lugar de facção diferente da que existe na área onde ele morava. Isso é justo?” O desespero é de Isaura, mãe de Alexsandro Guimarães Júnior, de 16 anos, assassinado, segunda-feira, com o amigo Douglas de Souza, de 15, na Vila Ipiranga, em Niterói. Moradores do Morro do Estado, eles foram julgados e mortos por integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV). A polícia acredita que eles tenham sido confundidos com membros de uma facção rival: o Terceiro Comando Puro (TCP).

De acordo com o delegado adjunto da Delegacia de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG), Alan Duarte, um traficante já teria sido identificado como o mandante do crime. “Tudo indica que um criminoso identificado como Rato teria dado a ordem para as mortes”, contou.

Vídeo mostra os garotos sendo obrigados a fazer símbolo de facçãoReprodução

Ainda segundo a Polícia Civil, os jovens não tinham passagem pela polícia e eram estudantes. Eles foram sepultados na noite de terça-feira, no Cemitério Maruí, no Barreto, em Niterói. Os dois caixões foram velados lado a lado na mesma capela, que reuniu mais de 100 pessoas.

Há informações de parentes de que os jovens teriam ido ao local por volta das 14h para combinar a compra de um cavalo. Ao se depararem com uma guerra entre traficantes rivais, se apavoraram e tentaram fugir.

Eles acabaram pegando uma rota de fuga usada por membros do TCP e teria sido nesse momento que os adolescentes foram encontrados pelos criminosos. O crime aconteceu na Rua Doutor Péricles, na divisa entre a Vila Ipiranga e o Morro do Santo Cristo.

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra o desespero das vítimas. Nas imagens, um deles aparece com sangramento no rosto e numa das mãos, sob a mira de uma arma.

Os adolescentes foram obrigados a fazer gestos com as mãos simulando um C e V, iniciais da facção criminosa que controla o tráfico na Vila Ipiranga. Eles ainda foram obrigados a fazer referência a Marcelo Moreno de Oliveira, o Catatau, que está preso desde dezembro do ano passado.

Você pode gostar