Por thiago.antunes

Rio - Cerca de 50 estudantes ocupam, desde a manhã desta segunda-feira, o prédio da Secretaria Estadual de Educação, no Santo Cristo, Zona Portuária do Rio. Um dos ocupantes, que não quis se identificar, disse que os alunos pretendem deixar o prédio quando conseguirem uma audiência com o governador em exercício Francisco Dornelles. "Tentamos falar com o (secretário de Educação) Wagner Victer, mas ele não apareceu. Não sabemos se ele está no prédio. Até agora os policiais não vieram nos retirar. Queremos falar com o governador e explicar as pautas", disse. 

Estudantes ocupam Secretaria de Educação e pedem audiência com DornellesSandro Vox / Agência O Dia

Entre as reivindicações, estão a melhoria das escolas do estado, a volta do Sistema de Avaliação da Educação do Rio (Saerj) e melhores salários para professores e profissionais da Educação. Por volta das 18h, funcionários do prédio começaram a deixar o local e os estudantes chegaram a se desculpar com eles. "Estamos apenas lutando pelos nossos direitos", disse um deles. Alguns, por serem menores de idade, estão usando máscaras. Até a publicação desta matéria, o clima era de aparente tranquilidade no local. Pais de alunos, professores, integrantes do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) e do Psol acompanham o ato. 

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Pelo menos um ônibus da Polícia Miltar e três viaturas estão em frente ao prédio, além de PMs do Batalhão de Grandes Eventos (BPGE) e do Batalhão de Choque (BPChq) dentro do edifício. Um dos diretores do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), Ricardo Pereira, disse que a ocupalão é legítima. "Nossa pauta não vem sendo atendida plenamente. Não atendem questões fundamentais para que eles possam ter uma educação de qualidade. O governo tem muitas contradições, pois dizem que somos atendidos e não sinalizam nada", disse ele, que é professor de artes. "O Dornelles aprovou uma lei que retira a aula de artes do Ensino Fundamental até o terceiro ano", pontuou.

O professor de matemática Sandoval Viana Filho, da escola Mahtama Gandhi, também endossou a ocupação. "O movimento dos alunos veio para dar um impulso grande na greve. Os alunos ocupam por entender que não há avanço nas negociações", afirmou.

Para o vereador Renato Cinco (Psol), que acompanhava a ocupação, os estudantes estão demonstrando a insatisfação deles com a grave crise que atinge as escolas estaduais. "As ocupações das escolas e da Secretaria de Educação são indicativos de que precisamos encontrar uma saída. Não podemos ficar operando pela mesma lógica dos últimos anos. As isenções fiscais do Estado estão na ordem de mais de uma centena de bilhões de reais e estão fazendo falta para superar essa crise. Espero que a Secretaria de Educação faça a opção pelo diálogo e não pelo confronto", disse o vereador.

O parlamentar alertou para a possível ação de repressão da Polícia Militar, como aconteceu na desocupção durante a madrugada do último dia 21. "Não está havendo diálogo, a secretaria nega ouvir os estudantes e parece que está havendo uma repetição do que aconteceu nos últimos dias", revelou Cinco. 

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