Rio - Com o objetivo de alertar sobre doenças que a superpopulação de pombos pode transmitir, a Vigilância Sanitária Municipal lança hoje uma polêmica campanha, que orienta moradores a não dar alimentos nem abrigo às aves em ruas e praças públicas. A intenção é evitar aglomerações e, consequentemente, a reprodução da espécie. Intitulada ‘Criptococose: não seja cúmplice’, a campanha alerta sobre os riscos da grande quantidade de pombos pela cidade e dá dicas de como afastá-los.
A criptococose é considerada a mais grave das doenças, pois ataca as vias respiratórias e pode causar inflamação no cérebro, pela inalação da poeira das fezes ressecadas, que são carregadas de fungos prejudiciais à saúde. Como a notificação da enfermidade não é obrigatória, as secretarias de Saúde do município e estado não têm dados sobre números de possíveis infectados. Outras zoonoses transmitidas por pombos são a histoplasmose, clamidiose, salmonelose, dermatites e alergias, todas provocadas pelas fezes.
As queixas de infestação de pombos se intensificaram. Ano passado, por exemplo, a Central 1746, da prefeitura, recebeu 778 pedidos de socorro de moradores por causa de infestações, praticamente o dobro do ano anterior. Este ano, já foram 257 atendimentos.
"A campanha também orienta a não maltratar os animais e dá dicas para afastá-los sem machucá-los, como manter superfícies inclinadas, com graxa, para desestabilizar o pouso e fechar abrigos com tela”, diz nota da Vigilância Sanitária.
A enfermeira Josiane Lins, 38 anos, admite que costuma jogar pão e milho a pombos na Cinelândia. “Fico com pena. Parecem passar fome”, argumenta.
Temendo possível extermínio de pombos, o presidente da ONG Aves & Cia, Paulo Maia, adverte: “Matar e maltratar pombos é crime. A Lei 9.605/98 prevê prisão inafiançável de até cinco anos”.
Na natureza, os pombos se exercitam em busca de alimentos — grãos sortidos e insetos — e têm vida mais saudável. Comendo só milho, o tempo de vida deles é reduzido de até 15 anos para só três. É preciso estar atento à limpeza de aparelhos de ar condicionado, forros, calhas e qualquer outro local que possa reter fezes de pombos. Ninhos e sujeira deixada por pombos nunca devem ser removidos a seco, para evitar a inalação de poeira contaminada. O uso de máscaras e luvas é recomendado.