Por gabriela.mattos

Rio - O Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) procura por outros vídeos do estupro coletivo sofrido pela jovem de 16 anos no Morro da Barão, na Praça Seca. Peritos examinam o celular de Raí de Souza, 22 anos, que está preso por suspeita de envolvimento no crime. No seu aparelho foram encontrados dois vídeos que mostram momentos distintos da violência.

A análise do primeiro vídeo mostra que quatro pessoas participaram do estupro. Esse vídeo foi encontrado na pasta do Whatsapp de Raí e foi enviado para quatro pessoas pelo acusado. A segunda filmagem mostra um homem introduzindo um batom na genitália da menor e foi enviado uma única vez por Raí para outra pessoa, pelo mesmo aplicativo. No entanto, Raí apagou todos os arquivos do celular,com exceção dos vídeos enviados e salvos na pasta do Whatsapp. A análise do ICCE irá mostrar se as filmagens foram realmente feitas pelo celular de Raí ou se ele somente as enviou. Também deverá mostrar o intervalo dos vídeos e se há outras cenas do crime.

Raí (à direita)%2C que continua preso por suspeita de envolvimento no crime%2C teve o chinelo reconhecido no vídeoSeverino Silva / Agência O Dia

Os peritos somente apontaram na análise do primeiro vídeo que há quatro pessoas distintas no quarto conhecido como abatedouro.Os investigadores já conseguiram identificar duas pessoas na cena — uma é Raí, identificado pela risada e, o outro, é Raphael Belo, 41, que também está preso. Belo também seria, segundo os investigadores, o homem que aparece introduzindo o objeto na jovem, no segundo vídeo. Ele foi identificado pela voz rouca e grossa.

“Acreditei que ele realmente teria somente feito a selfie no primeiro vídeo e ajudado a vítima depois, como alegou em carta. Ele realmente a ajudou, a levou para casa e deu comida. Mas foi peso na consciência. É ele quem aparece no vídeo a maltratando”, afirmou um dos investigadores.

Raí confessou estar na cena do crime após um dos seus chinelos aparecer em uma filmagem. Quando se entregou na delegacia, ele usava o mesmo calçado. Até então, negava aparecer nos vídeos, segundo policiais. Ao ser confrontado pelos investigadores, teria dito: “Poxa, o chinelo aparece? Vou mudar meu depoimento”, relatou um dos agentes.

Criticado no início da apuração do estupro e afastado do caso, o titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, Alessandro Thiers, entregou o cargo ontem. Em seu lugar assume a delegada Daniela Terra, que era da 33ª DP (Realengo). Segundo o diretor-geral das especializadas, Ronaldo Oliveira, Thiers pediu para sair.

Advogado de Raí foi defensor de chefe do tráfico

O primeiro advogado a aparecer ao lado de Raí de Souza na Cidade da Polícia foi Cláudio Lúcio da Silva. O mesmo advogado aparece como defensor de Sérgio Luiz da Silva Júnior, vulgo Da Russa, apontado como chefe do tráfico no morro da Barão, no processo mais recente contra o traficante, na 11ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio.

Da Russa também é procurado pela Dcav (Delegacia Criança e Adolescente Vítima) como um dos suspeitos de envolvimento no estupro coletivo. No entanto, segundo investigadores, ainda há dúvida se a especializada irá realmente continuar com a sua representação ao final do inquérito.
Isso porque, o seu pedido de prisão está baseado “na potencialidade que o traficante tinha de controle da situação”. O domínio do crime é reforçado pelo depoimento da vítima violentada, que afirma ter visto o traficante assim que saiu da casa.

No entanto, os depoimentos dos acusados, informantes e monitoramento de escutas apontam que Da Russa teria mandado cessar a sessão de estupro, assim que tomou conhecimento. A delegada ainda analisa, então, sua representação à Justiça. O mandado de prisão continua em aberto, assim como outros cinco por tráfico de drogas.

Atualmente, o Disque-Denúncia oferece R$ 1 mil por informações que levem à prisão do suspeito. O DIA procurou pelo advogado que acompanhou Raí em seu primeiro depoimento, mas não o encontrou.

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