Por tiago.frederico

Rio - A batalha política em Barra Mansa, no Sul Fluminense, ganha agora contorno de “guerra santa”. O prefeito Jonas Marins (PCdoB), afastado do cargo por determinação judicial, junto com outros funcionários, acusa o seu vice, Pastor Jorge Costa (PRB), de, ao assumir o gabinete em seu lugar, ter retirado e quebrado uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, em meio a outros pertences. Em entrevista ao Programa Dário de Paula, pela Rádio Sul Fluminense, o prefeito interino, que é da Igreja Universal, negou que tenha quebrado a santa.

“Eles mandaram entregar a minha Nossa Senhora, de quem sou devoto desde criança, pois, inclusive nasci no dia 12 de outubro (dia da Padroeira do Brasil), partida ao meio. Estou chocado com tamanha violência. É uma afronta aos católicos. É um desrespeito”, afirmou Jonas em entrevista ao DIA, alegando que Jorge Costa, com quem rompeu as ligações políticas há alguns meses, sequer teria o deixado retirar pertences pessoais.

Jonas Marins foi afastado do cargo por determinação judicialDivulgação

De acordo com publicações em redes sociais, dois vereadores de oposição que estariam com o pastor na hora em que a santa foi retira e danificada, teriam ainda chutado e cuspido na imagem.

“Jamais iria fazer uma coisa dessas. Realmente fizemos a retira de alguns pertences do prefeito afastado e dizem que em meios a esses pertences, que ocupavam um armário, que ocupo agora, tinha uma imagem. Mas pedi que encaminhassem ao prefeito afastado. A imagem foi entregue intacta. Venho de família católica, respeito muito o povo católico, a religião Católica, tenho católicos na família. Isso é uma coisa muito do passado, se aproveitar disso para dizer que faríamos um negócio desse. Jamais”, defendeu-se Pastor Jorge no Programa Dário de Paula.

Jonas Marins aguarda uma possível decisão nesta quarta-feira do Supremo Tribunal Federal (STF) em seu favor. O grupo afastado é suspeito de envolvimento em um esquema de compra, desvio e estocagem irregular de medicamentos, que teria lesado o município em pelo menos R$ 2,3 milhões, além de outras acusações. Os suspeitos negam e estão recorrendo da decisão, classificada por Jonas como “injusta e exagerada”.

Na noite desta terça-feira, os vereadores de oposição a Marins aprovaram, por 15 votos contra quatro, a instalação de uma comissão processante que investigará denúncias contra o prefeito Jonas Marins (PC do B). As denúncias dão conta de que empresas fornecedoras de medicamentos enviavam notas com valores altos e que a medicação era entregue em quantidades menores e de remédios próximos ao fim do prazo de validade. O teor da denúncia é semelhante ao que é investigado na Ação Civil Pública em que foi concedida liminar afastando temporariamente o prefeito de suas funções.

Afastado do cargo%2C Jonas Marins afirma que o Pastor Jorge Costa retirou e quebrou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida de seu antigo gabineteDivulgação

Durante a sessão da Câmara, a comissão foi escolhida por sorteio e foi composta pelos vereadores Denílson Câmara (Solidariedade), que é o presidente, Rodrigo Drable (PMDB), relator, e Cláudio Cruz, o Baianinho (PV), membro. Os vereadores terão cinco dias para darem início aos trabalhos, com a citação de Jonas Marins. Ele terá dez dias para apresentar sua defesa prévia, que será analisada em cinco dias.

Depois desse prazo, a comissão elabora um parecer e o plenário vota pelo prosseguimento ou não da denúncia.

Polêmica: Igreja Universal e o 'chute' na santa

Em 1995, um dos pastores da Igreja Universal apareceu na TV dando um chute em uma santa. O episódio virou polêmica. Em abril de 2015, o bispo Edir Macedo, fundador da igreja e dono da Record, explicou o que sentiu com a cena. "Foi um chute no estômago, para não dizer num lugar mais baixo. Foi a pior coisa que aconteceu dentro do trabalho da Igreja Universal. Porque não é o nosso estilo agredir a religião dos outros. Se exigimos respeito à nossa crença, temos que respeitar as outras crenças", falou, em entrevista ao SBT.

Neste ano, um adolescente de 13 anos quebrou duas imagens santas de uma igreja em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O caso ocorreu na Catedral de Santo Antônio e o jovem estava acompanhado da mãe, quando interpelou uma mulher que rezava e depois derrubou as imagens de Nossa Senhora Imaculada Conceição e do Sagrado Coração de Jesus.

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